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Admirador confesso da política aplicada pelo líder venezuelano Hugo Chávez, o presidente paranista José Carlos de Miranda demonstra também o mesmo apego pelo poder.

Se o chefe de estado está à frente do país vizinho desde 1998 (e foi eleito agora para mais seis anos), o dirigente tricolor já trabalha nos bastidores para construir uma hegemonia política.

De acordo com o estatuto paranista (artigo 34, parágrafo 5.º), "o presidente é inelegível para qualquer outro cargo na eleição seguinte e durante o prazo correspondente ao mandato, respeitado o direito a uma reeleição." Ou seja: Miranda estaria fora do clube ao final de 2007, quando encerra sua segunda gestão.

Mas o dirigente que deixou a Vila Capanema ovacionado pela torcida após a conquista da inédita vaga na Libertadores, há uma semana, pretende acabar com esse impedimento estatutário no início da próxima temporada.

Ao lado de correligionários, ele quer que os conselheiros acabem, através de uma assembléia extraordinária, com tal obstáculo legal – criado justamente para garantir a alternância no comando diretivo (uma clara alusão ao que rege a Constituição Federal).

"O associado decide. Não podemos impedir o direito deles. Daqui um ano, quando se realizaria a escolha, posso até não querer mais, mas não se pode descartar nomes", justifica o atual comandante.

O principal adversário do professor Miranda, o associado Sérgio Junqueira, candidato derrotado no pleito de 2005, vê essa possibilidade como "golpe", algo "inaceitável", "antidemocrático". Também faz duras críticas à atual gestão, que qualifica como "terrível".

"Mesmo que ele consiga abrir essa brecha, algo que eu considero difícil, não será reeleito de jeito algum. Quem decide são os sócios na urna. Como a parte social está abandonada, será uma grande derrota", prevê o oposicionista. "É um gesto digno de ditador, populista..."

A manobra arquitetada pela situação tem de fato um entrave: a mesa do conselho deliberativo. O presidente da casa, Luiz Carlos de Souza, admite que o pedido será levado à assembléia, porém não esconde o descontentamento com a tentativa de mudança nas regras.

"Posso adiantar: não adotamos essa tese apresentada pelo presidente Miranda. Trata-se de algo casuísta e inoportuno. Tem muita gente contra essa idéia, contudo levaremos para votação dentro do conselho", diz Souza. "Sou partidário de abrir espaço para novas lideranças", completa.

Para conseguir a alteração no estatuto, a cúpula tricolor precisaria contar com a presença de 1/3 dos conselheiros na assembléia (num total de 400) e obter 2/3 de votos favoráveis à mudança regimental. "Vou conseguir facilmente", garante Miranda. (RF)

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