Entrevista
Hélio Cury, presidente da Federação Paranaense de Futebol.
Não é estranho que uma Federação endividada como a Paranaense compre um automóvel caro para servir a diretoria?
Fizemos um financiamento de longo prazo, a única maneira que a Federação tinha para comprar. Se você for ver, outras federações tem até carro blindado.
Qual a situação atual das dívidas da FPF?
São três situações mais preocupantes [INSSR$ 32 milhões; AtléticoR$ 10 milhões e prefeitura/IPTUR$ 8 milhões], o restante estamos dando um jeito. Quando assumi [em 2007] era bem pior.
Como a entidade está conseguindo amortizar a dívida?
Em relação ao Atlético um porcentual da renda dos jogos [que cabe à FPF] é descontada na fonte. Já o IPTU... Estamos conversando, tentando chegar a um acordo. Estive em Brasília recentemente também participando de uma longa reunião com representantes do governo federal, propondo uma negociação [sobre o INSS]. Não poderíamos participar de um novo Refis [programa de recuperação fiscal] porque o valor mensal do pagamento ficaria em torno de R$ 100 mil. Não temos condições de bancar neste momento. Estamos conversando.
O Pinheirão pode entrar em algum tipo de negociação?
Pode. Existem várias conversas, com shoppings, hotéis... Nada definitivo. Acho que a área do estádio poderia ser arrendada, gerando lucro para a FPF
A Federação Paranaense de Futebol (FPF) começa a dar os primeiros sinais de que o pior da crise financeira, herança de mais de 20 anos de administração Onaireves Moura, já passou. A dívida continua gigantesca, batendo na casa dos R$ 50 milhões, o que não impediu, contudo, de a diretoria incrementar o serviço de logística que atende a entidade.
Há aproximadamente três meses um carro de luxo zero quilômetro fica estacionado ao lado do prédio da Avenida Victor Ferreira do Amaral, 1.930, no Tarumã, nas cercanias do Estádio Pinheirão. O veículo, um Toyota Corolla prata, serve aos principais dirigentes, especialmente a Hélio Cury, presidente da FPF desde novembro de 2007. No mercado, o preço do automóvel, o mais vendido no Brasil pela montadora japonesa, varia entre R$ 62 mil e R$ 89 mil, dependendo do modelo e dos opcionais. Um profissional também foi incorporado aos quadros da Federação para trabalhar como motorista.
Cury não vê problemas na aquisição, apesar do orçamento apertado três ações trabalhistas durante o mês de novembro obrigaram a tesouraria da entidade a refazer as contas para conseguir bancar o 13.º salário e as férias dos funcionários. Pelo contrário. O responsável pela FPF faz planos de aumentar a frota em 2011, no caso de a organização emendar o terceiro superávit consecutivo.
"Não poderia mais usar o meu carro, por minha conta, como fiz por três anos. Demos uma entrada e financiamos o restante do valor por meio de leasing [contrato de arrendamento com uma instituição bancária], a longo prazo. Algo normal, de mercado", afirma o mandatário. "Às vezes tenho de sair e fico amarrado. Por isso defendo que a presidência precisa ter um automóvel exclusivo", acrescenta. O outro seria usado para serviços burocráticos, como o pagamento de contas e visita a clubes.
Sem citar valores, o dirigente diz que a compra até aliviou o caixa da FPF, diminuindo despesas com aluguel de carros, prática comum principalmente nas viagens para o interior do estado. Cury só demonstra hesitação na explicação sobre o modelo escolhido para servir a Federação. Após alguns segundos de reflexão, o dirigente emenda uma série de argumentos para defender a opção pessoal pelo luxuoso compacto da Toyota.
"É um carro apresentável [risos]", abre. "Veja bem. Agora teve a Fifa aqui [representantes da entidade visitaram a FPF]. Como você vai buscar no aeroporto? Tem de ter um carro apresentável. [A Paranaense] é a quinta federação do país, não podemos esquecer", diz ele, evitando novamente apresentar números. Estratégia antiga para que novos credores, impulsionados pelos indícios de fim de crise, não batam à porta da entidade.
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