O racha dentro do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-PR) parece passar diretamente por uma questão ética: o possível laço de afinidade dos auditores com alguma parte denunciada. Para uma parcela dos integrantes do Tribunal, houve pelo menos dois casos de impedimento para julgadores situação prevista no artigo 18 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD).
Quem levanta essa bandeira é o presidente do inquérito que investigou a corrupção na arbitragem. De acordo com Otacílio Sacerdote Filho, sobrou parcialidade na sessão que começou na tarde de segunda-feira e terminou na manhã de terça.
"Aqueles com impedimento legal, que não se levantaram do julgamento, agora vão ter de se explicar. O Zé Roberto (Hagebock), por ter amizade pessoal com alguns dos indiciados, é um caso. Tinha cliente do seu escritório de advocacia entre os réus especificamente o árbitro Marcos Tadeu Mafra. Por ele ter uma relação profissional com esse juiz, não poderia estar no julgamento, pois iria fatalmente favorecê-lo", diz.
Procurado pela reportagem da Gazeta do Povo, o membro do TJD (indicado pela Associação do Árbitros ao cargo) não retornou às ligações para comentar a acusação.
"O Lourival Barão também não poderia dar seu parecer, eu entendo. Ele foi presidente da Comissão de Arbitragem. Viveu no meio e tem fatos que tenderiam a interferir no julgamento", segue Sacerdote Filho.
Questionado sobre esse possível empecilho, o doutor Barão mostrou-se tranqüilo. "O meu envolvimento foi há muito tempo. E mesmo que tivesse ainda hoje alguma coisa, eu não possuo ligação com árbitros. Isso não interferiria no meu posicionamento. Eu voto com a minha consciência e baseado no que foi apresentado de provas", comenta.
O auditor Clóvis Augusto Veiga da Costa, membro da "bancada da condenação", reforça a posição do obstáculo jurídico. "Veja o caso do Barão. Ele foi indicado pela OAB, assim como eu, mas foi diretor do Onaireves Moura e da Federação. Não adianta se iludir. Há algum peso político sim. A pessoa deveria se declarar suspeita."
O procurador Davis Bruel, que poderia levantar essa reclamação antes da audiência, confessa que chegou a pensar nessas hipóteses, mas desistiu. "Haveria um desgaste e dificilmente alguém iria reconhecer algum impedimento. Deveria partir da própria pessoa", alega.
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