Houve um tempo no futebol em que o jogador iniciava e terminava a carreira num só time. Dizia-se que jogava por amor à camisa. Mas quase tudo mudou. "Não existe mais amor ao clube, existe amor ao dinheiro". Quem afirma é o Rei Pelé. "O futebol virou uma máquina de fazer dinheiro". E o dinheiro vira a cabeça. A ponto de burlar princípios, de forjar valores. "A falta de fidelidade do jogador é tão grande que ele não tem receio de fingir". Num dia beija uma camisa; no outro, arde de amores por outra.
Esse comportamento foi rompendo aos poucos a identidade entre clube e jogador. "Quando se falava no Tostão, já sabia que era do Cruzeiro, falava no Rivelino, sabia que era do Corinthians", compara Pelé. Ele próprio, o dono da camisa 10, recusou um sem-número de ofertas milionárias para ficar no Santos. Claro que o clube teve de se desdobrar para segurá-lo, mas Pelé não era o maior salário de então. "Hoje, no futebol a preocupação maior é faturar". E como os jogadores faturam. Dentro e fora de campo.
Pelé não faz propaganda de cigarro nem de bebida alcoólica. "Respeito quem faz porque o jogador de futebol tem 15 anos de carreira, no máximo 20, e aí tem de estar garantido para o resto da vida". Ele já está mais do que garantido. "Posso garantir que ganhei mais dinheiro fora do campo do que dentro".
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