Obviamente o verdadeiro "buraco" alviverde se abriu ao final de 2005, quando após uma pífia campanha o Coritiba foi rebaixado para a Série B no ano seguinte. Na ocasião faltaram apenas três pontos para o time conseguir se manter na elite, mas na era dos pontos corridos qualquer tropeço daquela temporada contribuiu para que esses pontos (ou a ausência deles) fossem determinantes.
A imagem daquele campeonato, que deveria servir de lição, foi vista no último jogo contra o Internacional. Milhares de torcedores cantando e chorando seu amor pelo clube, que caía para a segunda divisão e não deixava de exaltar seus sentimentos.
Pleito interminável
Após vencer o seu opositor Tico Fontoura por apenas 1 voto, Giovani Gionédis não teve tempo para comemorar a vitória. Uma série de liminares, polêmicas, denúncias se seguiram e deixaram o clima complicado no pior momento possível, ou seja, a montagem do time para a temporada 2006.
Depois de muita confusão, a oposição preferiu desistir de reaver a presidência para não prejudicar o clube na seqüencia do ano.
Mais tarde, no final do ano, o ex-presidente Evangelino Neves virou um joguete nas mãos de várias pessoas tanto da oposição como da situação - e até denúncias sobre a falsificação de sua assinatura surgiram. Um laudo prometido pelo vencedor nas eleições para o conselho deliberativo, Julio Militão, que era oposição a Gionédis, e que provaria a falsificação da assinatura até hoje não veio a público.
Uma assembléia dos sócios foi convocada para votar um impeachment de Gionédis no final de 2006, fato provavelmente inevitável tamanha a antipatia que a maioria dos sócios tinha pelo presidente. Mas, Gionédis conseguiu uma liminar e anulou a assembléia.
2006 sofrido
Depois de um campeonato paranaense bastante irregular, que começou sob o comando do técnico Marcio Araújo, que havia assumido o time apenas algumas rodadas antes de decretado o rebaixamento após passagem esquecível de Lopes Junior, filho do técnico Antonio Lopes - deixou o time para Estevam Soares, que nunca foi unanimidade no time. Vieram as eliminações do Paranaense e Copa do Brasil e já no Brasileirão Estevam foi demitido e Bonamigo contratado.
Sob o comando do treinador, que levou o time à Libertadores de 2004, o Coxa chegou a liderar a competição na virada do turno, mas uma seqüência de derrotas que parecia interminável culminou com a derrocada alviverde, que mais uma vez por três pontos não conseguiu seu objetivo. A permanência na Série B gerou toda a polêmica sobre o impaechment de Gionédis, citado no tópico anterior.
Treinadores
Sem Bonamigo após o campeonato da Série B, o Coritiba anunciou a contratação do diretor de futebol João Carlos Vialle. O dirigente voltava ao time após alguns anos e assumia a vaga de Capitão Hidalgo, que estava na função e não teve o trabalho reconhecido.
Após a frustrada contratação de Ruy Scarpino, que havia sido contratado, mas não apareceu na data esperada, o time contratou Gilberto Pereira, ex-técnico da Adap e vice-campeão Paranaense. O treinador só pôde trabalhar durante a pré-temporada, afinal após dois jogos no Paranaense foi demitido por problemas de relacionamento com o novo comando do futebol.
O seu sucessor era Guilherme Macuglia, técnico campeão da Série C com o Criciúma e considerado talento emergente no futebol brasileiro. Com o trabalho constantemente contestado principalmente por causa da sua pouca "fama" no Brasil, Macuglia não conseguiu o título estadual e a seqüência do Coxa na Copa do Brasil.
O início do triunfo
No dia 6 de junho o técnico René Simões assume o Coritiba dias após a demissão de Guilherme Macuglia. Sob a desconfiança dos torcedores, o técnico famoso por ser um bom orador e por ter treinado a seleção brasileira feminina e a seleção da Jamaica o treinador começou seu trabalho no time.
Sempre pronto para responder a todas as perguntas com alguma frase de efeito ou citação, graças a sua bem formada cultura geral, René Simões fez um profundo trabalho psicológico no grupo alviverde. "Abraçou" os jogadores e os blindou das críticas ferozes da mídia e dos torcedores. Criou uma "família René Simões/Coritiba" e embutiu na cabeça dos jogadores a filosofia do jogo-a-jogo.
Fez a torcida passar a gostar de jogadores extremamente criticados e os transformou em líderes em campo. Anderson Lima abraçou o título de capitão e ganhou o carinho dos torcedores na marra. Caíco e Jeci tornaram-se símbolos do time e Veiga, velho conhecido alviverde, "ajeitou" o meio de campo do time. Os pratas-da-casa Henrique, Pedro Ken, Marlos e Keirrison ganharam destaque e amadureceram sob o comando de René Simões.
Jogadores que antes tinham determinada função mudaram radicalmente e além de melhorarem, também ganharam a simpatia da torcida. É o caso de Douglas Silva e Diogo. Gustavo virou símbolo de raça e Edson Bastos passou a ser a muralha alviverde, sepultando a lembrança sempre viva do ex-goleiro Fernando.
No jogo final desta caminhada, o Coritiba não pôde contar com o guerreiro Gustavo, mas o valente Túlio e o criticado Fabinho brilharam. O jogo não foi o ideal já que o time não venceu o Vitória mas com o tropeço do Criciúma, o alviverde pôde comemorar sua volta à primeira divisão.
Rumo ao título
Com o acesso garantido, o Coritiba foi em busca do título da Série B. Na partida contra o Avaí, em Florianópolis, uma legião de coxas-brancas invadiu a Ressacada, mas o Alviverde perdeu por 1 a 0.
O resultado não desanimou a torcida que encheu o Couto Pereira para a partida contra a Portuguesa, vencida por 2 a 0 pelo Alviverde. No entanto, a vitória do Ipatinga sobre o Marília por 3 a 2 adiou a comemoração do título do Coritiba, que veio justamente com uma vitória sobre o mesmo Marília, nesta sexta-feira (16), para o delírio de tantos coxas no estádio e outros milhares espalhados pelo estado.
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