
O curitibano Daniel Glomb, 28 anos, já havia desistido da vela. Há três anos, após várias investidas competindo sem patrocínio, formou-se e decidiu dedicar-se à advocacia. Trocou o timão pelas leis, começou uma especialização na Universidade de São Paulo (USP) e, quando sentia saudade, voltava ao mar só por prazer. Até o começo de dezembro, quando um convite o tirou do escritório para vencer os principais nomes da modalidade do país e respeitados velejadores do exterior.
Glomb foi campeão do Nestlé Match Race, competição barco contra barco, disputada no Rio de Janeiro, reunindo 12 campeões mundiais. Convidado para ser o capitão de uma das embarcações, superou o principal medalhista olímpico do Brasil, Torben Grael, o bicampeão olímpico Robert Scheidt e o multicampeão norte-americano Paul Cayard, batido na final.
"O Torben é meu ídolo. O Cayard é uma lenda. Ninguém imaginava que podíamos vencer no meio de tantas feras. Mas a tripulação era experiente, entrosada e conseguiu velejar com poucos erros", contou Glomb. Ao lado de alguns dos parceiros da última façanha, ele conquistou o bicampeonato sul-americano de match race em 2005 e 2006 e foi o sul-americano mais bem colocado no ranking mundial em 2006, com o 26.º lugar.
"O Glomb demonstrou maturidade e competência e o Brasil mostrou mais uma vez que tem ótimos velejadores. O campeonato teve alto nível. Se mantiver esta qualidade a vela brasileira poderá confirmar sua fama nas próximas Olimpíadas", elogiou Cayard.
A disputa olímpica, porém, não faz parte dos planos do curitibano. Não por falta de vontade. "Está, na verdade, fora do meu alcance. O investimento é muito alto. Sinto-me frustrado com a política do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que mata qualquer melhoria no esporte. Agora era a hora de fazer um trabalho melhor, pensando na Olimpíada do Rio em 2016, mas só vão investir em quem tem chance de pódio. E o resto? Eles não querem um legado esportivo, querem mostrar número de medalhas", criticou.
Glomb conta que a aposentadoria precoce dos barcos foi decidida após anos de investimento solitário. "Pagava para competir. E você precisa de outros companheiros, um técnico por exemplo, que nunca tivemos. Aí, desanima. Não que esteja insatisfeito. Minha condição de vida hoje é melhor", comparou.
Mas o gosto pela vela, entretanto, o faz vislumbrar, quem sabe, uma campanha pan-americana. "Seria por conta própria da mesma forma que fiz até hoje. Reuniria amigos, como sempre, para treinar durante alguns meses. É possível. Dá para arriscar", afirmou Glomb, programando reatar novos vínculos com o mar.
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