Garotos miram campeonatos internacionais de freestyle
O projeto Futebol de Rua também contempla o Freestyle, no qual os participantes têm dois minutos para demonstrar categoria com a bola nos pés. Criada na Europa, a modalidade começa a ganhar força em todos os cantos, com campeonatos internacionais patrocinados por empresas multinacionais.
Projeto será mostrado nos Estados Unidos
Dois monitores do Futebol de Rua foram convidados pela rede de supermercados Wall Mart para ir aos Estados Unidos com a missão de ajudar a divulgar a modalidade e o freestyle no país.
Diego Souza Oliveira de Castro, 23 anos, e Marisa Cintra, 22, ambos moradores de regiões carentes de São Paulo, viajam amanhã. Até o dia 8 de junho, se apresentarão em convenções da rede de supermercados em cidades do estado norte-americano do Arkansas.
Segundo o coordenador do projeto, Alceu de Campos Natal Neto, será a primeira viagem internacional de qualquer um dos seus integrantes. "Além de fazer apresentações ao público, o Diego e a Marisa também vão ministrar aulas práticas de freestyle para os americanos, mostrando toda a técnica brasileira", explica Natal, que acompanhará os jovens na viagem aos Estados Unidos.
O ponto alto do futebol não é necessariamente bola na rede. É o que demonstra o projeto social Futebol de Rua, que ensina a aproximadamente 600 meninos carentes de Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro valores como respeito, cidadania e autoestima a partir de um dos fundamentos que pode ser tão ou mais bonito do que o próprio gol: o drible.
A regra é simples. São dois times com três jogadores de cada lado. Não há goleiros e as traves são pequenas, como nas peladas de rua na periferia. O gol vale um ponto. Já o drible (caneta, chapéu ou meia-lua) vale três. Quem faz falta fica dois minutos fora da partida. Se o jogador comete outra, é excluído automaticamente. "O objetivo é estimular o fair play (jogo limpo) para que esses meninos levem isso para suas vidas, virem eles jogadores de futebol ou não", explica o coordenador do projeto, o curitibano Alceu de Campos Natal Neto.
Natal criou as regras e o projeto quando fazia pós-graduação em marketing esportivo, em São Paulo. Com a ajuda de um professor, apresentou a ideia ao presidente da Associação de Moradores de Heliópolis uma das maiores comunidades carentes do país, com aproximadamente 120 mil moradores e não precisou de muito trabalho para implantar o projeto. "Falei para o presidente que iria espalhar uns cartazes pelo bairro e ele disse que não precisava. No outro dia tinha umas 150 crianças no campinho da associação. Não é só notícia ruim que corre rápido na favela", atesta Natal, que desde então passou a dividir seu dia a dia profissional entre a coordenação do Futebol de Rua e o escritório de advocacia do qual é sócio.
Em Curitiba, o projeto chegou em 2007, a convite da Secretaria Municipal de Esportes. Ano passado foi a vez de o Rio de Janeiro ser contemplado são 45 meninos inscritos na comunidade de Pilares. Na capital paranaense, o projeto está em seis escolas municipais (dentro do programa Comunidade Escola) e na Associação de Moradores do Bairro Cajuru. No próximo sábado, as 370 crianças e adolescentes, entre 7 e 17 anos, poderão mostrar toda sua habilidade na 5.ª Copa de Futebol de Rua e Freestyle, na quadra da Praça Oswaldo Cruz, no Centro.
Comportamento
Mas os resultados importantes mesmo estão no dia a dia dos meninos, fora das canchas. Nesses três anos, afirma o coordenador, o comportamento deles mudou muito. Além de boas notas na escola (exigência para participar do projeto), estão menos agressivos, mais respeitosos com a família, amigos e professores. "Isso é o que importa. Até porque não iludimos ninguém. Alguns desses meninos até podem virar jogadores profissionais, mas esse não é o nosso foco. Queremos formar homens, cidadãos", enfatiza Natal, ressaltando que o índice de evasão é baixíssimo. "Mantemos 90% dos meninos que começaram em 2007. Os que saíram foi porque chegaram aos 18 anos e tiveram de trabalhar. O que também nos enche de orgulho, porque não foram para a criminalidade", afirma.
Moisés Fontes Ferreira, 12 anos, é um dos garotos cujo comportamento é outro desde que entrou no projeto. Antes de participar do Futebol de Rua, Moisés era agressivo, falava muitos palavrões e tinha dificuldade em se relacionar com o irmão mais velho e colegas. Numa briga, chegou a bater a cabeça de outro menino contra a parede. Hoje os dois são companheiros de treino no campinho de areia da Associação de Moradores do Cajuru. "Eu era muito brabo, brigava demais. Agora até nota boa eu tiro", diz o menino, referindo-se ao salto na média do boletim escolar.
De notas como 1,5, Moisés agora fala todo orgulhoso do 9 que tirou no último bimestre em Educação Artística. Dos sonhos para o futuro, diz querer ser goleiro, posição não só do ídolo Édson Bastos, do Coritiba, mas também do pai e de um dos irmãos nas peladas do bairro. "Mas se não for jogador de futebol, quero ser engenheiro", planeja, sabendo da necessidade dos estudos para chegar lá.
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