
Montpellier, frança Ter craque é bom, mas contar com jogadores fiéis é melhor. Esses merecem respeito, força e prestígio. É assim que pensa o técnico Dunga. O que ficou claro ontem, na definição da equipe que enfrenta a Argélia hoje, em Montpellier, no primeiro amistoso da seleção brasileira após a conquista da Copa América. O jogo começa às 13h30 de Brasília, e os 11 jogadores que saem jogando estiveram na campanha vitoriosa da Venezuela.
Ronaldinho e Kaká vão ver o jogo do banco. Pelo menos no início. É isso que dois dos principais astros do futebol mundial são no atual momento da seleção brasileira: reservas. Não importa se têm mais talento do que os hoje titulares. Ao se recusarem a jogar o torneio continental, falharam com Dunga quando o técnico mais precisava. Terão de pagar por isso e "recomeçar do zero", como avisou o comandante na segunda-feira.
Dunga nem sequer perdeu tempo conjecturando sobre se devia ou não escalar Ronaldinho e Kaká desde o início do amistoso. Descartou a hipótese de cara. "Minha escolha é pela forma como eles jogaram a Copa América, se sacrificando, enfrentando críticas, dificuldades", disse o treinador. "Não seria justo eu tirá-los do time agora. Trabalho em equipe, valorizo o trabalho em grupo." Assim, Ronaldinho e Kaká terão hoje de assistir a Vágner Love e Júlio Baptista jogarem.
Publicamente, os dois astros dizem que encaram com naturalidade a barração.
"Se tiver que conquistar novamente meu espaço (na seleção), não tem problema. Já fiz isso uma vez, posso fazer de novo", diz Kaká, titular desde 2003. "Quem é convocado quer jogar, mas o importante é ajudar a seleção", afirma Ronaldinho, que assumiu seu lugar no time em 2000.
A realidade, porém, é que ambos estão chateados até um pouco irritados. E reagiram de maneiras diferentes. Ontem, no coletivo de 30 minutos que serviu também para reconhecimento do gramado do acanhado Stade de Mosson e no qual os reservas marcaram três gols (Rafael Sóbis, Thiago Silva e Miranda) e os titulares passaram em branco, Kaká correu e participou de algumas jogadas. Ronaldinho nada fez. Estava desligado, no mundo da lua. Bem longe do espírito de seleção tão apregoado por Dunga.
A Argélia ocupa a modesta 77.ª posição no ranking da Fifa. Para o treinador, porém, será útil para a seleção.
"Eles fizeram um jogo duro com a Argentina", diz o técnico, lembrando a suada vitória por 4 a 3 do time sul-americano, antes da Copa América. "E têm vários jogadores que atuam na França, Inglaterra e outros lugares da Europa", completou o maior destaque é o meia Ziani, do Olympique de Marselha.
Na TV: Brasil x Argélia, às 13h30, na RPC TV.
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