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A combinação entre um "operário" grandalhão e um estrategista garimpou nas areias o ouro olímpico em Atenas, dois títulos mundiais e, na semana passada, o posto de dupla mais vitoriosa da história do circuito mundial, com 16 primeiros lugares. A galeria de troféus virou referência e Ricardo e Emanuel agora vêem sua fórmula ser clonada pelos rivais.

Das dez melhores duplas do ranking mundial da modalidade, três já nasceram sob a semelhança dos brasileiros e os resultados validam a estratégia. É assim com os compatriotas Márcio e Fábio Luiz, em segundo lugar no circuito, e os alemães Dieckmann/ Reckermann e Dieckmann/ Scheuerpflug, respectivamente nas sexta e sétima colocações. E mais. A nova geração do vôlei de praia alemão possui várias parcerias com a mesma estrutura.

Em uma análise superficial, a receita é simples: um atleta alto e forte no bloqueio, outro para armar o jogo. Na dupla modelo Ricardo é o blockerman (bloqueador), com 2 m de altura, e Emanuel, com 1,90 m, é o cérebro. "Nossas características se completam e viraram uma espécie de fórmula mágica, uma referência", afirmou Emanuel. O jogador está em Curitiba para um curto e raro período de descanso com a família – não vinha à cidade desde dezembro.

Para o jogador, a principal diferença entre as cópias e o original está na experiência. Há três anos juntos, os campeões olímpicos ainda são considerados uma dupla jovem no vôlei, mas muito amadurecida pelas conquistas. "Nesse tempo descobrimos que formamos uma parceria poderosa, e essa consciência é muito importante."

E foi fundamental para enfrentarem tanto a ressaca olímpica como um início complicado de temporada. Um dos temores da dupla era repetir a derrocada dos campeões olímpicos Kiraly/ Kent (Atlanta 1996) e Blanton/ Fonoimoana (Sydney 2000), que amargaram o ostracismo após o ouro. "Pensava que era uma sina. Parece que nós descobrimos um antídoto", se diverte Emanuel, eleito o melhor atleta da década de 90 das areias.

No começo do ano, os dois sofreram com a falta de resposta do corpo. O desgaste físico da preparação para a Olimpíada adiou a obtenção de bons resultados, até a volta ao topo, domingo, na etapa grega do Circuito Mundial. "Era o nosso objetivo. O nosso ciclo olímpico vai começar em 2006. Serviu até para aprendermos a como lidar com os momentos difíceis", explicou o jogador.

Emanuel prevê um caminho até Pequim 2008 mais complicado do que aquele percorrido até o ouro grego. "Aí é que vem o amadurecimento. Não teremos a mesma vitalidade, e o equilíbrio virá da experiência. Todos os adversários vão querer nos derrotar. Eles vêm com a força, nós responderemos com estratégia", ensina o curitibano.

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