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Rio – Os coxa-brancas certamente vão entender a pergunta inusitada e um tanto desagradável. Afinal, a taça em questão está lá muito bem guardada na sala de troféus do Couto Pereira. Mas, e se o caneco de campeão brasileiro de 1985 tivesse sido levantado pelo Bangu? Imagem absurda na cabeça dos alviverdes, um sonho impossível até hoje alimentado por todos os torcedores do Alvirrubro carioca, que há 21 anos sofrem com o pesadelo do vice-campeonato nacional.

As lembranças da madrugada do dia 1.º de agosto de 1985 ainda atormentam o clube da zona oeste do Rio de Janeiro. E não sem razão. Equipe modesta do subúrbio, o Bangu Atlético Clube teve a chance de consagrar-se no futebol brasileiro empurrado por um Maracanã com mais de 100 mil pessoas. Mas ficou no quase, vendo seu conto de fadas desmoronar ao ser derrotado pelo Coxa na decisão por pênaltis.

Jogando a Segunda Divisão do futebol carioca atualmente – comandado pelo técnico Alfredo Sampaio é líder da disputa, com boas chances de voltar à elite em 2007 –, e vendo seu patrimônio ser arruinado dia a dia por conta das dificuldades financeiras, na penalidade chutada para fora do atacante Ado e, posteriormente, na morte do patrono e bicheiro Castor de Andrade em 1997, o clube parece ter ficado aprisionado ao passado de muita tradição, mas poucas glórias (dois estaduais, 1933 e 66), e à amargura pelo revés no jogo da vida.

"Poxa, Marinho! Você tinha de ter metido aquele gol contra o Coritiba", grita um torcedor ao ver o ex-ídolo do clube, presente na final de 85, passeando pelas arquibancadas de Moça Bonita – o Estádio Proletário Guilherme da Silveira Filho, casa do Bangu – para ser entrevistado pela Gazeta do Povo.

Considerado um dos grandes craques brasileiros da década de 80, com passagens pela seleção, a história do ex-ponta-direita confunde-se com a do clube que o projetou. Embora tenha feito sucesso na carreira, Marinho, assim como o Bangu, não consegue tirar o "se" da cabeça.

"Eu sempre falo que se o Bangu tivesse sido campeão estaria mais estruturado. Nós tínhamos um patrono muito bom, que era o Dr. Castor de Andrade. Então ele ia colocar mais dinheiro, seria uma mudança total", acredita Marinho, hoje coordenador das categorias de base do clube.

Entre os torcedores, a mesma sensação. "A perda do título afetou muito, tenho certeza de que se tivéssemos sido campeões o time não estaria na Segunda Divisão hoje. Mas a morte do Dr. Castor também contribuiu para tudo isso", comenta José Rodrigues, 59 anos, funcionário da cantina do estádio.

Sentado no concreto do Maracanã na noite fatídica, Fred Inácio da Costa, 56 anos, também relaciona a decadência do Alvirrubro com o falecimento do polêmico Castor de Andrade, sem esquecer de lamentar da sorte.

"Nessa época, o Castor estava na área (ele participou diretamente da vida do Bangu até 1989) e com certeza ia dar um impulso no time", aponta.

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