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Estádio Olímpico de Londres, com o número 1 gigante, simboliza a política de austeridade dos ingleses para organizar o evento | Anthony Charlton/ AFP
Estádio Olímpico de Londres, com o número 1 gigante, simboliza a política de austeridade dos ingleses para organizar o evento| Foto: Anthony Charlton/ AFP

Organizador tenta seduzir atletas a aderirem ao desfile

Os atletas deverão decidir se querem ou não participar da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2012 em Londres, mas os benefícios serão bem maiores que as desvantagens, garantiu o presidente do Comitê Organizador, Sebastian Coe.

O técnico da seleção britânica de atletismo, Charles Van Co­­m­­me­­nee, disse neste mês que seus atletas não devem participar da cerimônia, para não prejudicarem seu desempenho. "Eles não sairiam para fazer compras durante oito horas alguns dias antes de competir, então por que ficar de pé esse tempo todo?", soltou.

Coe, medalhista de ouro nos 1.500 metros em Moscou 1980 e Los Angeles 1984 – sem participar em nenhuma dessas cerimônias inaugurais – disse que em Londres a festa será diferente da de Pequim 2008, quando os atletas precisaram passar horas em pé. "Essa é uma das principais lembranças que eles vão levar de Lon­dres, então vamos assegurar que o lado positivo de estar lá seja muito maior do que qualquer lado negativo de ficar em pé, não receber comida ou água e passar muito tempo fora – o que naturalmente não irá acontecer, devido à proximidade da Vila Olímpica."

Ingressos

Mais de 6 milhões de entradas para os Jogos de Londres já foram vendidas. É a primeira vez que uma edição da Olimpíada negocia tantos bilhetes um ano antes da abertura do evento. Mas o sistema de vendas sofre duras críticas na Grã-Bretanha. O Comitê Organizador aceitou inscrições de interessados antes de abrir a comercialização. Resultado: 22 milhões de pessoas se inscreveram e a imensa maioria ficou sem o seu bilhete. Mesmo assim, o Comitê mantém o sistema. E mais 1,2 milhão de ingressos serão liberados em dezembro para aqueles que se candidataram no início da comercialização.

Exatamente um ano antes da abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, uma certeza os organizadores já têm: gastarão menos do que o estimado na construção das arenas e obras de infraestrutura.

O custo final da próxima Olim­píada, que começará no dia 27 de julho de 2012, deverá ficar em torno de 7,5 bilhões de libras (cerca de R$ 19 bilhões), 1,8 bilhão de libras (R$ 4,5 bilhões) a menos do que previa o orçamento inicial.

E quando Tom Daley, que virou celebridade na Grã-Bretanha ao se classificar para os saltos ornamentais na Olimpíada de Pequim com apenas 14 anos, mergulhar hoje na no Parque Aquático, todas as seis arenas permanentes propostas para os Jogos de Londres já estarão prontas e devidamente inauguradas – 90% de todos os palcos.

"A um ano da abertura, esta é a melhor preparação para uma Olimpíada que eu já vi", elogiou o presidente do Comitê Olímpico Inter­­­nacional (COI), Jacques Rog­ge, que ontem, em evento na famosa Trafalgar Square, convidará o mundo todo a participar dos Jogos. "Não tenho a menor preocupação. As obras estão dentro do prazo e do orçamento."

Não houve mágica. Na verdade, quando Londres se candidatou a receber os Jogos de 2012 previu um orçamento de 4 bilhões de libras esterlinas (R$ 10 bilhões). Mas a estimativa se mostrou totalmente imprecisa e, em março de 2007, a cidade aprovou o novo plano.

Equalizar tempo e dinheiro foi fundamental. O Comitê tentou convencer os cons­tru­tores – 98% ingleses – que gastar pouco e entregar as obras no pra­zo seria um diferencial para as em­presas se candidatarem a outras obras pelo mundo e se recuperarem da crise econômica. Deu certo. "Como país e como indústria, devemos ficar orgulhosos e tentar maximizar as oportunidades por todo o mundo enquanto as memórias do que podemos fazer ainda estão frescas", disse John Armitt, chefe da Autoridade Olím­pica.

A conclusão do Estádio Olím­pico, três meses antes do previsto e 10 milhões de libras mais barato do que se estimava, tornou-se a imagem emblemática dessa política. Ontem, a obra exibia um enorme número 1 em menção a contagem regressiva para os Jogos.

A promessa ainda é de que Londres receba a disputa mais verde da história. De cada libra investida, 75 centavos foram destinados à regeneração do meio ambiente. E o bairro inteiro onde fica o Parque Olímpico, Stratford, marginalizado há mais de 50 anos, está sendo revitalizado.

"Foram dois anos de planejamento antes de fazer qualquer coisa no local", lembra Dan Eps­tein, chefe de desenvolvimento sustentável e regeneração da Auto­ri­dade Olímpica. Foi construído um centro de energia para o Parque Olímpico com baixa emissão de carbono, que posteriormente será utilizado pelo bairro.

Quase todo o material de demolição da área antes degradada foi reaproveitado. "Demolimos 240 prédios, limpamos os detritos e reu­tilizamos. Isso significa que 2 milhões de metros cúbicos de terra foram mantidos no local, o que corresponde a 85% do material utilizado na obra. E isso significou 16 mil caminhões a menos nas estradas", explicou.

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