Organizador tenta seduzir atletas a aderirem ao desfile
Os atletas deverão decidir se querem ou não participar da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2012 em Londres, mas os benefícios serão bem maiores que as desvantagens, garantiu o presidente do Comitê Organizador, Sebastian Coe.
O técnico da seleção britânica de atletismo, Charles Van Commenee, disse neste mês que seus atletas não devem participar da cerimônia, para não prejudicarem seu desempenho. "Eles não sairiam para fazer compras durante oito horas alguns dias antes de competir, então por que ficar de pé esse tempo todo?", soltou.
Coe, medalhista de ouro nos 1.500 metros em Moscou 1980 e Los Angeles 1984 sem participar em nenhuma dessas cerimônias inaugurais disse que em Londres a festa será diferente da de Pequim 2008, quando os atletas precisaram passar horas em pé. "Essa é uma das principais lembranças que eles vão levar de Londres, então vamos assegurar que o lado positivo de estar lá seja muito maior do que qualquer lado negativo de ficar em pé, não receber comida ou água e passar muito tempo fora o que naturalmente não irá acontecer, devido à proximidade da Vila Olímpica."
Ingressos
Mais de 6 milhões de entradas para os Jogos de Londres já foram vendidas. É a primeira vez que uma edição da Olimpíada negocia tantos bilhetes um ano antes da abertura do evento. Mas o sistema de vendas sofre duras críticas na Grã-Bretanha. O Comitê Organizador aceitou inscrições de interessados antes de abrir a comercialização. Resultado: 22 milhões de pessoas se inscreveram e a imensa maioria ficou sem o seu bilhete. Mesmo assim, o Comitê mantém o sistema. E mais 1,2 milhão de ingressos serão liberados em dezembro para aqueles que se candidataram no início da comercialização.
Exatamente um ano antes da abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, uma certeza os organizadores já têm: gastarão menos do que o estimado na construção das arenas e obras de infraestrutura.
O custo final da próxima Olimpíada, que começará no dia 27 de julho de 2012, deverá ficar em torno de 7,5 bilhões de libras (cerca de R$ 19 bilhões), 1,8 bilhão de libras (R$ 4,5 bilhões) a menos do que previa o orçamento inicial.
E quando Tom Daley, que virou celebridade na Grã-Bretanha ao se classificar para os saltos ornamentais na Olimpíada de Pequim com apenas 14 anos, mergulhar hoje na no Parque Aquático, todas as seis arenas permanentes propostas para os Jogos de Londres já estarão prontas e devidamente inauguradas 90% de todos os palcos.
"A um ano da abertura, esta é a melhor preparação para uma Olimpíada que eu já vi", elogiou o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, que ontem, em evento na famosa Trafalgar Square, convidará o mundo todo a participar dos Jogos. "Não tenho a menor preocupação. As obras estão dentro do prazo e do orçamento."
Não houve mágica. Na verdade, quando Londres se candidatou a receber os Jogos de 2012 previu um orçamento de 4 bilhões de libras esterlinas (R$ 10 bilhões). Mas a estimativa se mostrou totalmente imprecisa e, em março de 2007, a cidade aprovou o novo plano.
Equalizar tempo e dinheiro foi fundamental. O Comitê tentou convencer os construtores 98% ingleses que gastar pouco e entregar as obras no prazo seria um diferencial para as empresas se candidatarem a outras obras pelo mundo e se recuperarem da crise econômica. Deu certo. "Como país e como indústria, devemos ficar orgulhosos e tentar maximizar as oportunidades por todo o mundo enquanto as memórias do que podemos fazer ainda estão frescas", disse John Armitt, chefe da Autoridade Olímpica.
A conclusão do Estádio Olímpico, três meses antes do previsto e 10 milhões de libras mais barato do que se estimava, tornou-se a imagem emblemática dessa política. Ontem, a obra exibia um enorme número 1 em menção a contagem regressiva para os Jogos.
A promessa ainda é de que Londres receba a disputa mais verde da história. De cada libra investida, 75 centavos foram destinados à regeneração do meio ambiente. E o bairro inteiro onde fica o Parque Olímpico, Stratford, marginalizado há mais de 50 anos, está sendo revitalizado.
"Foram dois anos de planejamento antes de fazer qualquer coisa no local", lembra Dan Epstein, chefe de desenvolvimento sustentável e regeneração da Autoridade Olímpica. Foi construído um centro de energia para o Parque Olímpico com baixa emissão de carbono, que posteriormente será utilizado pelo bairro.
Quase todo o material de demolição da área antes degradada foi reaproveitado. "Demolimos 240 prédios, limpamos os detritos e reutilizamos. Isso significa que 2 milhões de metros cúbicos de terra foram mantidos no local, o que corresponde a 85% do material utilizado na obra. E isso significou 16 mil caminhões a menos nas estradas", explicou.
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