Se depender do brasileiro Éder Jofre, ex-campeão mundial de boxe, maior nome do esporte no Brasil e um dos maiores lutadores de todos os tempos, o filme "Dez segundos - O tempo de uma vida", que está sendo feito sobre sua história, exigirá uma boa dose de sacrifício de Thomas Stavros, ator que o interpretará nas telas. Segundo Jofre, Stavros, escolhido para viver a fase entre 18 e 37 anos do "Galo de ouro", ainda precisa melhorar muito para conseguir retratá-lo com fidelidade no cinema.
- Hoje, eu daria nota quatro a ele. O Thomas tem um biotipo diferente do meu, é mais alto, e precisava entrar em forma. No início, achei que ele conseguiria, mas ele começou a treinar e parou para fazer teatro. Viajou para o Rio de Janeiro, e eu passei a achar que não daria. O boxe cansa muito. Se é para fazer, tem que ser direito, bem feito. A nota mínima que eu espero que ele atinja para me representar é oito ou nove. Menos que isso não dá, ficaria feio - diz o ex-pugilista, em entrevista por telefone.
O papel de Éder Jofre no filme é justamente treinar Thomas Stavros na arte do boxe, e mostrar como ele próprio se movimentava e executava os golpes. Para Jofre, a missão do ator não é das mais fáceis.
- O boxe é um esporte que pede total dedicação ao treinamento e ao preparo físico. Quem não se dedica 100% não vai longe. Eu era muito disciplinado, treinava seis dias por semana, e no sétimo corria para descansar. Se não for assim, não se chega longe. Claro que não espero que o Thomas se torne um boxeador, até porque isso levaria pelo menos seis meses de treinamento duro, mas quero que ele consiga me representar bem no ringue.
Ex-campeão deu trote em ator
Aos 71 anos, e com um stent para desobstruir as artérias, implantado há cerca de um ano, Éder Jofre não perde o contato com o boxe. O ex-lutador treina três vezes por semana para manter a forma, e garante não ter medo de subir ao ringue para fazer luvas contra quem for.
- Outro dia um rapaz de 28 anos e 1,80m, 20 quilos mais pesado que eu insistiu para fazer luva comigo, e eu senti que era para tirar uma onda com a minha cara. Aceitei, e logo no começo dei umas pancadas em cima da guarda dele, pra ele me respeitar. No ringue ninguém tira sarro da minha cara, seja quem for. Eu sou mais eu. Treino para manter a forma, mas ninguém vai bater em mim de graça. Meti-lhe a mão e, depois do treino, ele saiu reclamando que apanhou e nunca mais voltou - conta, às gargalhadas.
Muito bem-humorado, o ex-campeão mundial revela que aplicou alguns trotes em Thomas Stavros no início de sua preparação para o filme.
- Eu me diverti muito. Como ele não conhecia muito de boxe, comecei a brincar com ele no ringue. Ele nunca baixava a guarda, só quando eu mandava. Dei uns socos em cima da guarda dele e ele se assustou. Me diverti bastante - conta.
Sobre o nível do boxe brasileiro no momento, Jofre diz que não está otimista. Para ele, o Brasil não tem mais que dois ou três bons nomes no esporte, o que considera muito pouco.
- Quem são os nossos grandes nomes no boxe? Temos o Sertão, o Pedro Lima, e o Popó, que já parou. Quem mais? Num país do tamanho do Brasil, com tanta gente, é uma pena que tenhamos tão pouca gente praticando o boxe. Sinto muito por isso, e por saber que é um esporte completo, que condiciona as pessoas fisicamente como poucos. Desafio qualquer jogador de futebol profissional a fazer cinco rounds seguidos. Garanto que nenhum chega ao fim do quinto round.
Sobre o futuro do boxe no país, Éder Jofre diz que a solução seria um intercâmbio com potências como Cuba.
- Um intercâmbio com Cuba seria o ideal para que o nosso esporte crescesse. Mas quem vai bancar isso? É difícil... Os nossos atletas comem mal, treinam mal e ainda pagam para treinar. Esse é o grande problema. Quem vai largar o emprego para treinar boxe? O que eles ganhariam com isso? E quando se tornassem profissionais, lutariam com quem? Ganhariam quanto? Ninguém sabe. Isso dificulta muito o desenvolvimento do boxe no Brasil - finaliza.
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