O fato de o Jayme Netto (técnico da Rede Atletismo) assumir a responsabilidade pelo doping pode ser uma estratégia para diminuir a punição deles?

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Não posso dizer se foi essa a intenção. Mas ele assumir a culpa não exime em nada o atleta, a quem cabe a responsabilidade pela ingestão – consciente ou não – de substâncias proibidas.

Como o senhor avalia a iniciativa da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) em aplicar o exame surpresa?

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Internacionalmente, é uma ação que repercute bem, mostra que o Brasil é capaz de controlar o doping. Os testes surpresa são usados desde 1988, são parte integrante do sistema antidoping. A tendência é que sejam cada vez mais comuns.

Os métodos do antidoping atuais têm evoluído na mesma proporção que os avanços da dopagem? A impressão é a de estar sempre um passo atrás...

O principal problema desse passo é o tamanho dele. Quando começamos a fazer o controle, em 1973, o passo atrás era de 25 anos. Melhorou muito. Hoje, o passo é de apenas três semanas.

A maior incidência de exames positivos para o doping é no ciclismo. É o esporte em que mais se tenta vencer de modo ilícito ou os números são resultado de uma fiscalização mais intensa?

É um esporte em que as equipes são muito profissionalizadas, uma vitória garante muito dinheiro. Em provas de longa distância, como o Tour de France, o uso de produtos que aumentam a resistência do atleta dão resultado, por isso tantos casos de doping.

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A fiscalização no futebol é eficiente?

Ano passado, no Brasil, foram feitos 5 mil exames. Destes, 4 mil são do futebol, o que mostra que o esporte é muito bem controlado.

O discurso contra o doping é posto em prática pela maioria dos atletas?

O número de quem usa não chega a 3%. O próprio atleta é contra o doping. Em esportes controlados por eles mesmos, como o tênis, que tem a ATP (Associação de Tênis Profissional), o controle é muito rígido porque eles querem isso. (AB)

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