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Atualizado em 21/08/2006, às 23h45O presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro, Eduardo Viana, morreu às 18h50m desta segunda-feira, após ter sofrido quatro paradas cardíacas. Ele foi internado no fim da tarde no Hospital Quinta D´Or, em São Cristóvão, após passar mal na sede da Ferj, no Maracanã.

Caixa D'Água, de 67 anos, estava participando da reunião sobre a seletiva para o Campeonato Estadual de 2007 quando se sentiu mal, por volta das 16h. Ele havia sofrido problemas respiratórios na semana passada, no avião que levava a seleção brasileira para Noruega. O dirigente era o chefe da delegação brasileira. As informações são do jornal "O Globo".

Com a morte do dirigente, a Ferj será presidida por Hildo Nejar, atual vice-presidente de futebol amador da entidade. Em uma das últimas reformas estatutárias da entidade, Nejar já havia sido indicado pelo próprio Viana como seu sucessor em caso de morte.

O atual vice geral, Rubens Lopes da Costa Filho, que já brigara pelo cargo com Caixa d´Água, pode contestar na Justiça a mudança no estatuto para tentar reassumir a presidência.

Coração encerra polêmica gestão de Viana

Sempre que a Justiça tentava derrubar Eduardo Augusto Viana da Silva do comando da Federação de Futebol do Estado do Rio (Ferj), o dirigente esbravejava:

- Só saio daqui morto!

A frase ilustra com perfeição a polêmica gestão de Caixa D'Água à frente da entidade. No cargo desde 1985, ele se manteve no poder graças ao assistencialismo aos clubes pequenos, que nas eleições da entidade tinham o mesmo peso de decisão dos times grandes. Também teve como forte aliado o presidente do Vasco, Eurico Miranda. Flamengo e Botafogo foram históricos oponentes, enquanto que o Fluminense lhe prestava discreto apoio.

Torcedor fanático do Americano de Campos, o dirigente era presença constante nas arquibancadas do estádio Godofredo Cruz. Sempre levantou suspeitas de pressionar os árbitros para favorecer seu time de coração.

O maior símbolo de sua gestão foi o campeonato estadual de 2002, batizado de Caixão. Como foi disputado paralelamente ao torneio Rio-São Paulo, acabou esvaziado por Fluminense, Flamengo e Botafogo, que jogaram com os times reservas. Na reta final o Tricolor usou os titulares e acabou campeão.

Em 2004, Caixa D'Água e mais cinco funcionários da Ferj foram afastados da entidade, acusados pelo Ministério Público de formação de quadrilha, estelionato, fraude processual e falsidade ideológica, todos relacionados à evasão de renda no Maracanã. O montante do dinheiro desviado teria chegado a quase R$ 900 mil. Se fossem condenados, a pena dos seis poderia chegar a 20 anos. Dez meses depois, porém, o dirigente voltou ao cargo graças a uma medida cautelar.

Em março deste ano, Caixa D'Água e sua diretoria foram afastados novamente da Ferj pela 7ª Vara Empresarial por falta de transperência na administração da entidade e desobediência ao Estatuto do Torcedor. Mas, graças a um efeito suspensivo, no mesmo mês Viana foi reconduzido à sua cadeira favorita. Sua última medida foi aumentar o número de times no próximo estadual de 12 para 16, contrariando dirigentes de Flamengo e Botafogo.

Diabético, seus problemas de saúde eram constantes nos últimos anos, causados principalmente pelo vício do cigarro que havia largado. Há cerca de dois anos passou por um transplante de rins. O coração fraquejava e, na semana passada, durante o vôo da seleção brasileira para a Noruega, Caixa D'Água se sentiu mal. Por pouco o avião não teve que fazer um pouso de emergência.

Professor de direito da Uerj, ele escreveu livros como "O poder no esporte" e "Implantação do futebol profissional no Estado do Rio de Janeiro". Eduardo Viana deixou viúva, Sílvia Viana, com quem não teve filhos.

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