Os jogadores do Paraná reclamaram com razão do atraso de salário. Não tem como defender um empregador que não paga o prometido. Nem mesmo suposta deficiência técnica, como alguns torcedores e, pasmem, até gente da imprensa tentaram justificar.

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No entanto, há um efeito colateral automático quando um aspecto tão interno de um clube é exposto pelos atletas. Um efeito com o qual os jogadores terão de conviver amanhã, na Vila Capanema. A cobrança dos torcedores.

Gritos de mercenário, chacotas com a dificuldade de comprar alimentos e notas de dois, cinco e dez reais sendo balançadas no alambrado farão parte do cenário da partida do Paraná contra o Vitória, tudo isso pontuado por acusações de corpo mole. Os jogadores serão exigidos como se estivessem em uma final de Copa do Mundo, não na 29.ª rodada de uma Série B em que a inércia tratará de manter o Tricolor livre do rebaixamento.

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A cobrança, claro, tem uma enorme dose de injustiça. Não dá para chamar de mercenário quem cobra aquilo que lhe foi prometido. E as dificuldades do dia a dia, como bem expôs Lúcio Flávio, afligem muito mais os atletas jovens, que não tiveram tempo nem vencimentos que permitam criar uma poupança.

Além disso, é leviano estabelecer uma relação queda de rendimento/salário atrasado/corpo mole. O Paraná perdeu fôlego na tabela simplesmente porque o elenco não é bom o suficiente para entrar na zona de acesso. O salário entra, sim, como um elemento que gera tensão e instabilidade emocional. Ou o nobre leitor trabalharia livre de preocupações com dois meses de salário atrasado na moleira? Mas daí a dizer que houve deliberada má vontade dos jogadores, me desculpem, é querer enxergar mais do que a realidade.

Modelo carioca

Uma proposta de alteração no regulamento do Campeonato Paranaense será apresentada no arbitral da próxima quarta-feira. Sai a carioca Fórmula Fraga, com dois turnos classificatórios de todos contra todos e seus respectivos campeões decidindo o título, entra o modelo carioca atual, com dois grupos e turnos mais curtos.

A única diferença para o que é feito no Rio de Janeiro está nas semifinais e finais de turno. Ao invés de partida única, estas fases seriam disputadas em partidas de ida e volta. Ao todo, o campeonato usaria no máximo 21 das 23 datas disponíveis para os estaduais. Um refresco bem-vindo para os clubes locais, que penam com o acúmulo de jogos logo no início da temporada. E para todas as fases mata-mata há previsão de vantagem para o time de melhor campanha. Ou seja, nada de decisão por pênaltis. Sem dúvida, uma evolução que só não é maior porque 12 clubes ainda é muito para o futebol paranaense.

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