O gabinete do governo do Egito suspendeu indefinidamente a liga nacional de futebol depois de pelos menos 22 torcedores terem sido mortos durante confrontos com a polícia do lado de fora de um estádio no Cairo.
A polícia antidistúrbio entrou em confronto com centenas de pessoas e lançou gás lacrimogêneo para abrir caminho por um estreito corredor que dá acesso ao Estádio da Defesa Aérea, o que deu início a um corre-corre no local onde se enfrentaram Zamalek e ENPPI, no último domingo.
A promotoria pública do Egito ordenou a abertura de uma investigação. Nesta segunda-feira, os meios de comunicação pró-governo e o Ministério do Interior, responsável pela polícia, procuraram desviar a responsabilidade das forças de segurança. Mortada Mansour, presidente do Zamalek, disse a uma emissora privada de televisão que a polícia não abriu fogo contra os torcedores, como foi amplamente relatado nas redes sociais, e que a violência de domingo foi "orquestrada" para frustrar as eleições parlamentares, que acontecerão em breve.
Mansour é um fiel partidário do presidente Abdel-Fattah el-Sissi, ex-chefe do Exército que liderou um golpe de Estado no país em 2013.
Autoridades dizem que a violência teve início quando centenas de integrantes de uma torcida organizada do Zamalek, os Cavaleiros Brancos, tentaram entrar no estádio para ver a partida, sem ter ingressos.
Em sua página no Facebook, os Cavaleiros Brancos disseram que a violência teve início por que as autoridades abriram apenas uma porta estreita, com arame farpado, por onde deveriam passar. Segundo eles, o fato deu início a um empurra-empurra e posteriormente a polícia começou a lançar gás lacrimogêneo e a disparar balas de chumbinho.
Este episódio ocorre três anos depois de o país ter testemunhado um dos piores tumultos da história do futebol mundial. Em 2012, o Egito já havia suspendido a liga local depois de 74 torcedores terem morrido durante uma confusão na cidade de Port Said, em uma partida entre o Al-Masry local e o Al-Ahly, do Cairo.
Blatter lamenta
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, enviou uma carta ao presidente da Associação Egípcia de Futebol e lamentou as mortes registradas no fim de semana. "Eu gostaria de expressar minhas condolências à comunidade do futebol egípcio pelos eventos trágicos que aconteceram em Cairo", escreveu. O dirigente ainda ofereceu ajuda da Fifa à federação local. "Nós vamos esperar os resultados da investigação e estamos prontos para prover qualquer suporte que possam precisar para lidar com as consequências deste evento".
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