Anderson Aquino e o filho Júnior: amor que colocou o futebol em segundo plano| Foto: Arquivo pessoal

Decidir a hora de parar é um dos momentos mais difíceis para um jogador, mas o atacante Anderson Aquino não teve dúvidas. Em 2017, aos 30 anos, com um contrato recém-assinado com o Londrina, ele abandonou tudo para cuidar do filho que foi diagnosticado com leucemia.

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"Eu fui para Londrina sozinho e estava procurando apartamento. A família ficou em Curitiba. Meu filho tinha se sentido mal no fim de semana. Estava enjoado, disse que tinha dor nas costas, não quis comer, estava cansado; mas pensamos que eram queixas de adolescente, nada grave", revela Aquino.

Júnior tinha 14 anos na época. A dor persistiu, começou a irradiar e a esposa de Aquino levou o menino ao hospital. Com o resultado dos exames de sangue veio o veredito: leucemia linfóide aguda. "Quando eu soube da notícia, que o diagnóstico era câncer, leucemia, eu entrei em desespero", relembra o atacante.

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"Eu saí de casa e ele estava normal. Agora estava na UTI. Você já imagina o pior. Peguei o carro e não pensei em nada, nem avisei ninguém do clube. Eu estava em choque. Quando cheguei em Curitiba que lembrei de ligar", revelou.

Família Aquino reunida
Família Aquino reunida
Família Aquino reunida

Os primeiro dias foram os mais difíceis, e o casal estava cheio de dúvidas sobre o tratamento e o futuro do filho. Em meio a um turbilhão de emoções, Aquino tomou a decisão: "Conversei com minha esposa e disse que não teria cabeça para jogar. A família vem em primeiro lugar e eu resolvi parar para acompanhar ele, estar perto, dar apoio, ajudar, cuidar", falou o jogador.

"O Londrina me liberou para ficar o tempo que fosse necessário, mas quando eu resolvi não voltar eles foram super compreensivos, entenderam a situação", disse.

Minha rotina virou casa - hospital. Revezava com a minha esposa e minha vida era 100% ele

Anderson Aquino

Rotina pesada

"Minha rotina virou casa - hospital. Revezava com a minha esposa e minha vida era 100% ele", relembra, revelando também uma mudança interna depois de passar tantos dias acompanhando o dia a dia do hospital Pequeno Príncipe, referência no tratamento de câncer infantil, onde Júnior ficou internado.

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"Depois que a gente começou a ir ao hospital todo dia, só tenho que agradecer. Vimos o sofrimento de muitas famílias que vêm de fora para tratar. Você começa a ver tudo de outra forma", analisa.

Júnior, hoje com 16 anos, ainda faz quimioterapia. A rotina de tratamento, com sessões a cada três semanas, ainda vai durar mais três anos. Ele não precisou de transplante e responde bem às medicações.

Ouça o desejo de Aquino no Dia dos pais

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O próprio filho tem pedido para o pai voltar a jogar. "Ele não queria que eu parasse, mas não adiantava eu jogar e não ter cabeça. Quando ele veio para casa e estava melhor ele já falou: 'Pai, pode voltar a jogar'", revelou Aquino.

O atacante chegou a jogar pelo Ituano e passou os últimos meses em Angola, onde defendeu o Primeiro de Agosto, levado por Geraldo, ex-companheiro de Coritiba.

"Foi difícil a decisão, mas ele está tranquilo, o médico já liberou para voltar para a escola. A princípio eu quero voltar, e eles incentivam. Dá para jogar mais uns dois anos", diz Aquino, que está com 32 anos e a procura de clube.

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Carreira e família

Aquino começou a carreira no Athletico e jogou também no Paraná e no Coritiba, onde conquistou o tricampeonato estadual em 2011, 2012 e 2013. No Alviverde foi também vice-campeão da Copa do Brasil em 2011 e 2012. Anderson Aquino ainda é o maior artilheiro da história do Coxa em Copas do Brasil, com oito gols, segundo levantamento do grupo Helênicos.

Mudar de vida e deixar tudo isso para trás não foi fácil. Mas o jogador não tem dúvidas de que tomou a decisão correta ao abandonar tudo para cuidar do filho. "Faria de novo quantas vezes fosse preciso", afirma.

"Domingo vou poder passar o dia dos pais com eles, e dá para contar nos dedos quantas vezes eu passei. Com o incentivo e o apoio deles fica mais fácil", diz o atacante, que é pai também de Alexandre, de 12 anos.

O presente que ele quer de dia dos pais? "Saúde e meu filho curado. O maior presente que eu poderia ganhar é isso: receber a notícia dos médicos que ele está totalmente curado e não precisa passar por isso nunca mais", finaliza.

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