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O prêmio é bom, cerca R$ 133 mil no total. O trajeto é dentro da cidade, com o público apoiando o atleta do início ao fim da corrida, o que empolga. A organização também não deixa nada a dever: há uma pessoa trabalhando para cada dois atletas correndo. E, além do mais, a Maratona de Curitiba é considerada pela Confederação Brasileira de Atletismo como a segunda mais importante do país – só perde para a de São Paulo.

Mesmo assim, na lista dos participantes é difícil o público em geral conseguir distinguir alguém no meio dos mais de mil inscritos da competição. Vanderlei Cordeiro de Lima e Marílson dos Santos, por exemplo, já passaram por aqui, mas quando eram bem menos conhecidos. Hoje, a maioria dos atletas do chamado grupo de elite que participarão da prova nem sonham em conseguir o índice para o Pan-Americano do Rio, no ano que vem.

Mas os motivos que fazem Curitiba, mesmo sendo uma maratona internacional, não atrair atletas de ponta são simples. Basicamente, dois: o percurso e a data.

No primeiro caso, porque os 42 quilômetros da prova são intercalados entre partes planas e subidas, o que sempre faz o atleta baixar seu tempo. E depois, por a corrida na capital paranaense ter uma disputa desleal com a Maratona de Nova Iorque, que ocorre no começo do mês e, além de ter um percurso bem plano, paga cachê para os competidores independentemente do resultado que obtenham.

Como um maratonista disputa no máximo uma prova a cada três meses, o "público" curitibano acaba sendo bem diferente. "A Maratona de Curitiba não é para poucos, mas sim para a grande maioria", afirma o secretário municipal de Esportes, Raul Plassman, se referindo ao fato de, aqui, ser difícil apontar favoritos. "Em Nova Iorque você sabe que o vencedor sairá de uma lista de dez. Aqui, a maioria dos atletas tem chance", completa.

Na verdade, a prova de Curitiba é uma das mais difíceis do país e, por isso, atrai mais atletas que se sobressaem pela resistência do que pela velocidade. É o caso, por exemplo, do paulista Adriano Bastos, o 6.º do ranking nacional de maratona.

Ex-triatleta, Bastos fez um treinamento específico para encarar a prova: basicamente aclive. "Já fazia três anos que queria correr aqui. Principalmente por ter muitas subidas, o que se encaixa na minha característica", diz o atleta de 28 anos, tricampeão da Maratona da Disney e quarto colocado na de São Paulo.

A mesma justificativa para Lindemberg Gomes Nunes, 43, vir de Brasília. "Para mim, tem de ser maratona pesada, com muita subida e muita chuva ou sol", diz o 16.º do ranking, que ainda persegue a primeira vitória em Curitiba. Em 1999 e 2000 foi vice. No ano passado, 4.º. "Mas esse ano treinei muito morro. Cheguei a correr dois quilômetros só de subida", diz.

Para a edição de 2006 da Maratona de Curitiba, a organização até tentou deixar o percurso mais plano. Mas, pela característica geográfica da cidade, não obteve muito sucesso. "A gente saía de uma subida e pegava outra", conta Neimar Oliveira dos Santos, diretor da prova.

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