Entrevista com José Roberto Guimarães, técnico da seleção
O técnico da seleção feminina, José Roberto Guimarães, diz que o time encarou problemas e teve de atuar no limite.
Você declarou para a tevê que esta foi a conquista mais difícil de todas. Foi por causa da fase de renovação do time?
Não foi só isso. Para começar, ao contrário dos outros anos, não fizemos aclimatação (ao fuso horário do Japão, de 12 horas) antes da fase final. Jogamos no Brasil na última rodada da fase de classificação e depois viajamos direto para Macau para entrar em quadra de novo praticamente no dia seguinte ao da chegada. Como se não fosse pouco, tivemos problemas na viagem de Macau para a Coreia do Sul. Uma viagem que deveria demorar 5h30 durou 23 horas porque a Federação Internacional organizou um roteiro terrível. Para piorar, foi a semana em que tivemos os maiores problemas para comer. A maioria das atletas perdeu peso e tônus muscular.
Você acha que foi esse desgaste o responsável por alguns momentos instáveis que o time apresentou, como no jogo contra o Japão?
O cansaço ajuda, mas acho que também pesou a idade das jogadoras (o time passa por fase de renovação). Para elas, esse Grand Prix foi um aprendizado sobre situações de jogo, como é ter de enfrentar equipes de alto nível. Acho que haverá um crescimento desse grupo a partir disso.
São Paulo - Foi um dia de comemoração tripla. Depois de um jogo difícil, contra um Japão que mostrou, em vários momentos, capacidade superior de concentração, a seleção brasileira feminina de vôlei levantou pela oitava vez a taça do Grand Prix, nesse domingo (23/8), em Tóquio. As brasileiras venceram por 3 sets a 1 com parciais de 25/21, 25/27, 25/19 e 25/19. Mas viveram momentos de tensão até o terceiro set e chegaram a ficar quatro pontos atrás do time da casa.
O título veio exatamente um ano após a equipe do técnico José Roberto Guimarães conquistar o primeiro ouro olímpico, em Pequim. A terceira celebração do dia foi pelo aniversário de 26 anos da ponta Mari, que, antes de deixar o Ginásio Metropolitano de Tóquio, ouviu "Parabéns a Você", em inglês, de um grupo de fãs.
O resultado coroou uma campanha com 100% de aproveitamento. As brasileiras venceram as 14 partidas disputadas. Individualmente, o time ainda teve a melhor jogadora do torneio, Sheilla, e a melhor bloqueadora, Fabiana.
Ontem, a seleção só correria risco de perder o título para as russas, que venceram a Holanda por 3 sets a 0, caso sofresse uma derrota por muitos pontos para o Japão.
Apesar da vantagem, o grupo estava sob pressão. A equipe já tinha, antes de mais nada, um grande desafio: com o time renovado, manter o alto nível do vôlei feminino brasileiro. E fazer jus ao currículo de sete troféus do Grand Prix, do ouro olímpico de 2008 e de três outros títulos conquistados neste ano: o Montreux Volley Masters, na Suíça; a Copa Pan-Americana, em Miami, nos Estados Unidos; e o Torneio Classificatório para o Mundial de 2010.
Mas o grupo teve pela frente outros adversários, como a falta de organização da Federação Internacional de Vôlei (FIVB) e, por consequência, o cansaço acentuado por um evento cuja fase final previa jogos diários para todas as equipes. "A gente sentiu bastante o excesso de viagens. Viemos do Brasil diretamente para a Ásia e já chegamos jogando, o que fez com que sentíssemos um pouquinho, mas superamos", disse a ponta Sassá. "Talvez o cansaço tenha feito com que a gente tenha tido momentos bons e outros nos quais oscilamos um pouco."
No jogo desse domingo, Sassá teve atuação importante no fim do primeiro set, ao melhorar a qualidade do saque brasileiro quando o time estava quatro pontos atrás no placar. "Acho que uma característica positiva nossa é que, nos momentos difíceis, sempre pudemos contar uma com a outra para reverter a situação. Acho que essa é a nossa característica mais forte", analisou a jogadora. Na quarta parcial, Sassá foi responsável pelo ponto que deu a vitória às brasileiras.
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