Atualmente, Gustavo Borges, se apresenta como empresário e palestrante. Tudo resultado da trajetória de sucesso como nadador: esteve em quatro olimpíadas e foi medalhista em três. Causou furor nos Jogos de Barcelona (1992), com a prata nos 100 metros livre. Quatro anos depois, mais uma prata (200 m livre) e bronze nos 100 m livre em Atlanta. Em Sydney (2000), ajudou o revezamento 4x100 m livre a conquistar o bronze.
Vinte anos depois da sua primeira medalha, vê Cesar Cielo, com quem nadou a partir de 2003, como um dos favoritos ao bicampeonato olímpico nos 50 m livre e uma das estrelas nas piscinas dos Jogos de Londres, em julho.
Durante a visita às três academias que levam seu nome em Curitiba no último dia 29, Gustavo falou com a Gazeta do Povo sobre suas projeções para o time brasileiro na Olimpíada de Londres, sobre a evolução da modalidade no Brasil e diz cogitar tornar-se dirigente no futuro.
O Cielo afirma que estar confiante para fazer ainda mais nas piscinas (alem do ouro e bronze olímpicos, é o atual recordista mundial nos 50 m e 100 m livre). Quem pode concorrer com ele?
O Cesar tem dominado as provas de 50 m nos últimos quatro anos. Em Londres, é o cara a ser batido. Nos 100 m, tem uma prova mais difícil, com outros nadadores na concorrência. O grande rival é o Magnus [James Magnussen, australiano de 20 anos que venceu o brasileiro na final do Mundial de Xangai, ano passado. Magnus foi o primeiro colocado, com 47s63 e Cielo, o quarto, com 48s1] e surgirão outros. Vamos saber depois das seletivas australianas e norte-americanas. Como acontece em todos os anos olímpicos, vai surgir um jovem de 18, 20 anos que vai fazer o que o Cesar fez há quatro anos.
O que você lembra do Cielo daquela época?
Magrão, alto, moleque e muito rápido. Com 15, 16 anos já era muito veloz. Faltava um pouco de base, de experiência. Não chegaria a dizer que seria um campeão olímpico, mas já se via que seria um grande atleta.
Em 2008, só se falou do Michael Phelps. Desta vez, é a Olimpíada do Ryan Lochte?
O Lochte está em ascendente, vai chegar em Londres em um cenário diferente do que em Pequim, saindo da sombra do Michael Phelps. É possível que se classifique até para mais provas do que o próprio Phelps, que é o maior nadador da história.
Quem no time brasileiro pode despontar?
Todos os que já têm índice, o Felipe França, o Henrique Barbosa, o curitibano Henrique Rodrigues, estão todos muito bem. Não dá para dizer que temos aí uma nova geração responsável por ganhar medalhas olímpicas. Seria uma injustiça falar isso de atletas que estão chegando agora. Não temos ninguém com o perfil daquele Cielo que nadou em Pequim. Na época, o Pan do Rio (2007) tinha sido muito revelador: ele sabia que tinha chances de ganhar o ouro [olímpico] ou ficar em décimo. Mas com chances reais de ser o primeiro.
E o que esperar do time feminino?
Temos boas meninas para chegar a um trabalho de reerguer a natação feminina. Um grupo bom, não fortíssimo para finais, mas com chances de semi e com boas expectativas para crescer para 2016.
Você está prestes a completar 40 anos e neste ano faz 20 anos da sua primeira medalha olímpica. Na época, o Coaracy Nunes já era o presidente da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos). Como você vê esse mandato tão longo?
É lógico que agora, com o Brasil recebendo a Olimpíada de 2016, ele acabe prorrogando mais um pouco sua estada na presidência. Mas a alternância no poder é válida. Só que depende muito de quem vai entrar no lugar. É difícil falar que os 23 anos do Coaracy é muito tempo. Se for olhar somente pelos anos, sim, mas a natação vem evoluindo.
Você pensa em ocupar algum cargo na CBDA?
O Coaracy tem essa preocupação com sucessão e me convidou há uns anos. Interesse, até teria, mas é um trabalho árduo. Hoje tenho outros projetos. Quem sabe no futuro?
O que mudou de Barcelona-1992 para Londres-2012 na natação brasileira?
A geração de 92 era uma equipe muito menor se comparada à atual. Houve uma evolução muito grande em relação à qualidade dos técnicos. A internet, a vinda de competições internacionais para o Brasil geraram um intercâmbio de informação muito grande. Houve também um grande aumento na base de nadadores, com mais clubes e piscinas pelo país. Para esta Olimpíada, temos uma equipe mais consistente.