Tanto quanto a questão técnica, Didier Deschamps se preocupou com a harmonia da seleção francesa no Brasil. Visando apagar o fiasco de 2010, o treinador reforçou o caráter multirracial da equipe e deixou até um de seus destaques, o atacante Nasri, ausente da convocação.
No Mundial de 2010 a França caiu logo na primeira fase, perdeu dois jogos, empatou outro e fez apenas um gol. O vexame esportivo foi creditado, por alguns, à formação do time com atletas originários de antigas colônias, como Mandanda (Congo) e Malouda (Guiana Francesa).
Para este ano, o alvo foi o atacante Karim Benzema, de família argelina. Integrantes da Frente Nacional, o partido de extrema direita francês, pressionaram pela exclusão do camisa 10, que não canta o hino do país antes dos jogos.
Campeão mundial com uma seleção também miscigenada, em 1998, Deschamps ignorou os protestos. Chamou ainda dois africanos naturalizados, Antônio Mavuba (Angola) e Patrice Evra (Senegal), entre outros representantes de raízes diversas. "Passamos por coisas importantes para chegar até aqui. Como a história de vários que vieram", comenta Deschamps.
A Copa na África do Sul ficou igualmente marcada por atos de indisciplina. O avante Anelka foi excluído da delegação por causa de um desentendimento com o técnico Raymond Domenech. Mais tarde, houve recusas para treinar.
Deschamps não quis trazer para o Brasil nenhuma ameaça ao clima da seleção. Preterido em partidas das Eliminatórias, o atacante Nasri, do Manchester City, revelava sua insatisfação com o conjunto nacional. Disse que veria a Copa pela televisão.
Quando saiu a convocação, sem Nasri, a namorada do jogador detonou o comandante. "Treinador de merda", postou Anara Atanes, no Twitter. Acabou processada pelo treinador dos Bleus.
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