Exonerado da Secretaria Especial de Esportes do Governo Federal, o campeão olímpico de vôlei de praia, Emanuel Rego, foi pego de surpresa com a decisão publicada no Diário Oficial da União na última segunda-feira (15).
Em entrevista por e-mail à Gazeta do Povo, o paranaense disse que espera não acreditar que sua saída tenha relação com o posicionamento da esposa, a senadora Leila Barros (PSB-DF), a Leila do Vôlei, crítica do presidente Jair Bolsonaro. Ao mesmo tempo, o ex-atleta não recebeu nenhuma explicação pela demissão.
“Fica o sentimento de incoerência com todo o trabalho proposto”, afirma o medalhista de ouro em Atenas-2004, que ocupava o cargo de secretário nacional de alto rendimento desde junho de 2019. Ele era responsável por projetos como o Bolsa Atleta. Antes, também comandou a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD).
Sua exoneração foi publicada na segunda-feira (15). Em que contexto ela aconteceu?
Tomei conhecimento da minha saída da Secretaria Nacional de Alto Rendimento pela publicação no Diário Oficial da União. Estava focado nas atividades da secretaria, pois 2020 é um ano de eleições municipais e existem prazos legais para que possam ser realizadas as parcerias antes do período eleitoral. Foi surpresa, mas sabia que o cargo tem instabilidade e riscos de saída inesperada. Sair sem uma explicação é que não é bom, fica o sentimento de incoerência com todo o trabalho proposto.
Comenta-se que a atuação da senadora Leila, sua esposa, com críticas ao governo Bolsonaro, tenha influenciado a decisão para sua saída. É verdade?
Prefiro acreditar que os motivos tenham sido outros, mas não tive uma explicação ainda sobre essa decisão. Eu e Leila sempre tivemos trajetórias independentes, sem influências em nossas decisões. Sempre priorizei as questões técnicas para realizar as políticas públicas esportivas.
Você passou por alguns cargos dentro do governo. Por que a rotatividade?
Recebi o convite de assumir a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), em abril de 2019, pois tinha sido da Comissão de Atletas da Agência Mundial de Antidopagem de 2013 a 2015 – comissão que ajudou na atualização do Código de Antidopagem de 2015. Na Secretaria Especial de Esportes, percebi que os quadros de liderança do esporte eram pessoas capacitadas e comprometidas com o esporte. As indicações teriam critérios técnicos de admissão, segundo o Decreto 9.727 de 15/03/2019. Isso me trouxe segurança para participar do Governo Federal. Na chegada do novo Secretário Especial de Esportes, General Décio Brasil, fui convidado a assumir a Secretaria Nacional de Esportes de Alto Rendimento (SNEAR) por causa da minha interatividade com o Comitê Olímpico Brasileiro e Comitê Paralímpico Brasileiro. Fui nomeado para a SNEAR em junho de 2019.
Você pensa em se envolver com política novamente?
Durante anos estudei, me preparei e me capacitei, pensando no pós-carreira. Sou um ex-atleta que hoje tem como objetivo trabalhar por melhorias no esporte e estarei sempre pronto para contribuir. Nessa passagem pelo Governo Federal, aprendi que através da politica se constrói o Plano Nacional do Desporto, documento que norteia todas as politicas públicas de esportes, seja nos estados, municípios e entidades que recebem recursos públicos. Por essa razão, vejo a grande importância termos políticos com valores esportivos na construção do Plano Nacional de Desporto.
Qual sua opinião sobre a atuação do presidente Bolsonaro? Você está alinhado às ideias dele ou é contrário?
Espero que as questões técnicas continuem a ser a prioridade de sucesso porque foi esta atitude que trouxe pessoas capacitadas para colaborar com o momento de recondução do esporte no governo federal. O engajamento aconteceu pela proposta de evolução na gestão do esporte.
Você cogitou sair em algum momento antes da exoneração?
Não pensava em deixar a SNEAR.
Qual o legado você deixa para o esporte em sua passagem? Como foi a experiência dentro do governo?
Neste período na SNEAR, a preocupação era construir políticas públicas de esporte baseadas no apoio aos atletas, execução orçamentária, melhor uso e construção das infraestruturas esportivas e melhorar os atos de governança.
1. Apoio aos Atletas: Assegurar o valor pleno do Bolsa Atleta, com suplementação de R$ 70 milhões (R$ 21 milhões de repasses internos do Ministério e outros R$ 49 milhões aprovados por Projeto de Lei do Congresso Nacional PLN16/2019).
2. Resgate de pagamento de Bolsa Atletas a 3.142 atletas que ficaram fora do Programa por falta de recursos em 2018.
3. Criação do Programa Núcleos de Esporte de Base (PNEBs) para a detecção de talentos de esportes de base, em diversas modalidades pela parceria com entidades esportivas de formação de atletas.
4. Criação de curso de graduação em gestão Esportiva EAD, como foco no pós-carreira de atletas. Com foco em dez anos de curso através do Instituto Federal do Ceará.
5. Orçamento: em 2019, empenho de 99,4% do orçamento no valor de R$ 229 milhões de investimento. Em 2020, 84% do orçamento pronto para empenho.
7. Orçamento: em 2019, 29 Parcerias em execução, com 10.258 beneficiários diretos.
8. Criação do Plano Nacional de Infraestrutura, objetivo efetivo no acompanhamento de obras e capacidade técnica dos proponentes, otimizando a finalização das obras de infraestrutura de esporte.
9. Entrega de 18 centros de iniciação esportiva, com recursos do PAC. Parcerias com os municípios.
10. Criação de curso de capacitação de infraestrutura EAD, com foco nos gestores esportivos de esportes através do Instituto Federal do Ceará.
11. Criação do Plano Estratégico da SNEAR, 2019-2022.
12. Minuta da Portaria de Liberação de Servidor Atleta para competir por Seleções Brasileiras.
13. Minuta e Nota Técnica da manutenção do Conselho Nacional de Esporte e Comissão Nacional e Atletas.
14. Minuta do Relatório da Prestação de Contas do Objeto para os Comitês com relação ao uso dos recursos das Loterias Federais.
15. Projeto Centenário Olímpico do Brasil, homenagem a heróis olímpicos e valorização do esporte.
16. Homenagem aos Medalhistas Pan-americanos Lima 2019 – Evento com a Presidência da República.
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