Símbolo de imperialismo no esporte, a marca estampada ao lado direito das camisas muitas vezes com destaque acima do razoável tem no futebol paranaense um "gigante".
Uma empresa de Londrina, de nome Karilu, com apenas 80 funcionários, é a maior fornecedora de materiais esportivos do Campeonato Paranaense. A liderança pode não ser relativa ao volume de produtos, mas nenhuma outra marca produz a camisa de tantas equipes na competição regional.
Na elite estadual são cinco times que usam a marca: Iraty, Cianorte, Roma, Operário e Arapongas, destaque da primeira rodada da competição. Além desses, o carro-chefe da companhia há quase 20 anos é o uniforme do Londrina, clube que está na Segunda Divisão.
O empreendimento com nome exótico (iniciais dos nomes das filhas do proprietário) foi criada em 1984 para produzir uniformes escolares. Passou a fornecer produtos para times amadores até se tornar o emblema mais visto do Paranaense. E então foi expandindo para outras cidades do interior, do país e até exterior já produziu camisas para uma equipe japonesa.
"Quando o Londrina perguntou se a gente não queria produzir a camisa deles, fui para São Paulo tomar umas aulas. Compramos uma máquina de transfer digital [com mesma tecnologia utilizada pelas multinacionais] e aos poucos os outros foram aparecendo...", lembra o proprietário da empresa, José Arlindo Fancio, 66 anos.
O segredo da expansão no melhor estilo comerciante ainda é o mesmo dos tempos em que era representante comercial, no fim dos anos 70. "Damos uma boa atenção ao cliente, tudo que é tratado é cumprido e, claro, temos um material de qualidade."
Mas a diferença da Karilu para as grandes empresas do ramo passa pelo bolso, claro. Enquanto, por exemplo, a Olimpikus se dispõe a pagar metade do salário de Ronaldinho Gaúcho no Flamengo e recuperar o investimento usando o nome do craque, no interior do estado, muitas vezes apenas dar o material esportivo pode ser sinônimo de prejuízo. "Para nós, trabalhar com o clube grande se torna difícil, pois, geralmente, além do material esportivo, tem de dar dinheiro", diz Arlindo.
Nem por isso a Karilu deixa de utilizar o patrocínio como arma para aumentar o que atualmente já representa 40% de seu faturamento total. Por enquanto, apenas três equipes da carta da empresa podem ser consideradas patrocinadas por ela: Londrina, Operário e Arapongas. O que significa que não pagam pelo uniforme que utilizam e também têm lojas do time montadas pela empresa no caso do Arapongas, a ideia está para ser implantada.
Fora o trio, o restante dos negócios é feito de acordo com a situação. No caso das equipes amadoras, uma simples transação de compra e venda. Outras vezes, contudo, a empresa dá metade do material, o time paga outra metade. Há também a possibilidade de a equipe trocar o direito de venda de uma quantidade de camisas para receber o que vai utilizar no campeonato...
"Mas, na maioria das vezes, o que ocorre é que os clubes preferem eles mesmos vender a camisa. Então compram da gente e revendem", conta Carlos Eduardo, o Kadu, diretor comercial da empresa.
A Karilu também faz uniformes para equipes profissionais de Mato Grosso e Goiás. Ultimamente, está recebendo contatos de Minas Gerais. Independentemente da forma como é feito o acordo, uma coisa é certa quando o assunto são as camisas das equipes menores: aos jogadores trocar camisetas só é permitido com times grandes.
"Para cada campeonato são utilizados em média seis jogos de camisas por equipe. Então não dá para ficar trocando toda hora. O pessoal usa e manda lavar", justifica Kadu.
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