José Arlindo Fancio, de 66 anos, o homem que veste os times do interior| Foto: Roberto Custódio/ Gazeta do Povo

Símbolo de imperialismo no esporte, a marca estampada ao lado direito das camisas – muitas vezes com destaque acima do razoável – tem no futebol paranaense um "gigante".

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Uma empresa de Londrina, de nome Karilu, com apenas 80 funcionários, é a maior fornecedora de materiais esportivos do Campeonato Paranaense. A liderança pode não ser relativa ao volume de produtos, mas nenhuma outra marca produz a camisa de tantas equipes na competição regional.

Na elite estadual são cinco times que usam a marca: Iraty, Cia­­norte, Roma, Operário e Ara­­pongas, destaque da primeira rodada da competição. Além desses, o carro-chefe da companhia – há quase 20 anos – é o uniforme do Londrina, clube que está na Segunda Divisão.

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O empreendimento com nome exótico (iniciais dos nomes das filhas do proprietário) foi criada em 1984 para produzir uniformes escolares. Passou a fornecer produtos para times amadores até se tornar o emblema mais visto do Paranaense. E então foi expandindo para outras cidades do interior, do país e até exterior – já produziu camisas para uma equipe japonesa.

"Quando o Londrina perguntou se a gente não queria produzir a camisa deles, fui para São Paulo tomar umas aulas. Compramos uma máquina de transfer digital [com mesma tecnologia utilizada pelas multinacionais] e aos poucos os outros foram aparecendo...", lembra o proprietário da empresa, José Arlindo Fancio, 66 anos.

O segredo da expansão – no melhor estilo comerciante – ainda é o mesmo dos tempos em que era representante comercial, no fim dos anos 70. "Damos uma boa atenção ao cliente, tudo que é tratado é cumprido e, claro, temos um material de qualidade."

Mas a diferença da Karilu para as grandes empresas do ramo passa pelo bolso, claro. Enquanto, por exemplo, a Olim­­pikus se dispõe a pagar metade do salário de Ronaldinho Gaú­­cho no Flamengo e recuperar o investimento usando o nome do craque, no interior do estado, muitas vezes apenas dar o material esportivo pode ser sinônimo de prejuízo. "Para nós, trabalhar com o clube grande se torna difícil, pois, geralmente, além do material esportivo, tem de dar dinheiro", diz Arlindo.

Nem por isso a Karilu deixa de utilizar o patrocínio como arma para aumentar o que atualmente já representa 40% de seu faturamento total. Por enquanto, apenas três equipes da carta da em­­presa podem ser consideradas patrocinadas por ela: Lon­­drina, Operário e Ara­­pongas. O que significa que não pagam pelo uniforme que utilizam e também têm lojas do time montadas pela empresa – no caso do Ara­­pongas, a ideia está para ser implantada.

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Fora o trio, o restante dos negócios é feito de acordo com a situação. No caso das equipes amadoras, uma simples transação de compra e venda. Outras vezes, contudo, a empresa dá metade do material, o time paga outra metade. Há também a possibilidade de a equipe trocar o direito de venda de uma quantidade de camisas para receber o que vai utilizar no campeonato...

"Mas, na maioria das vezes, o que ocorre é que os clubes preferem eles mesmos vender a camisa. Então compram da gente e revendem", conta Carlos Eduardo, o Kadu, diretor comercial da empresa.

A Karilu também faz uniformes para equipes profissionais de Mato Grosso e Goiás. Ultimamente, está recebendo contatos de Minas Gerais. Independentemente da forma como é feito o acordo, uma coisa é certa quando o assunto são as camisas das equipes menores: aos jogadores trocar camisetas só é permitido com times grandes.

"Para cada campeonato são utilizados em média seis jogos de camisas por equipe. Então não dá para ficar trocando toda hora. O pessoal usa e manda lavar", justifica Kadu.

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