A Rede Globo, Televisa e uma terceira empresa entraram em acordo para pagar US$ 15 milhões (cerca de R$ 49 milhões) em suborno a Julio Grondona, presidente da Federação Argentina de Futebol durante três décadas e falecido em 2014, em troca de apoio para a obtenção dos direitos de transmissão das Copas de 2026 e 2030.
GLOBO NEGA ACUSAÇÃO; VEJA EXPLICAÇÃO DA EMISSORA
O valor, que garantia direitos de TV, rádio e internet para os eventos esportivos, teria sido depositado no banco Julius Bär, com sede na Suíça. Essa conta era controlada pela T&T, empresa criada pelo grupo do empresário argentino Alejandro Burzaco, para fazer pagamentos com verbas ilícitas.
A denúncia foi feita por Burzaco, ex-presidente da empresa Torneos y Competencias nesta quarta-feira (15), durante depoimento no Tribunal do Brooklin, em Nova York, no julgamento do ex-presidente da CBF José Maria Marin. Burzaco é testemunha-chave de acusação no maior escândalo de corrupção da história da Fifa.
De acordo com o depoimento, o suborno foi acertado em 2013 durante uma reunião da Fifa, em Zurique, na Suíça. Além dos gigantes da comunicação do México e do Brasil, a terceira companhia envolvida era a Datisa, uma sociedade entre a própria Torneos y Competencias e as empresas Traffic e Full Play.
Na primeira parte do depoimento, ainda na segunda-feira (11), Burzaco afirmou que a Rede Globo foi uma das companhias de mídia que pagaram subornos para vencer a concorrência por direitos de transmissão de competições internacionais, como a Copa América, a Copa Libertadores e a Copa Sul-Americana.
De acordo com ele, os valores pagos eram abaixo do mercado para que pudessem ser inflados com propinas.
Na corte do Brooklyn, Burzaco chorou no início de seu segundo dia depoimentos, interrompendo o julgamento. Isso foi menos de 24 horas depois do suicídio de um advogado argentino citado por ele como um dos que receberam propina no esquema —Jorge Delhon se jogou na frente de um trem em Buenos Aires.
Globo nega acusação de propina
Após o primeiro dia de depoimento, o Grupo Globo enviou a seguinte nota oficial : “ O Grupo Globo afirma veementemente que não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina. Esclarece que após mais de dois anos de investigação não é parte nos processos que correm na Justiça americana”.
“Em suas amplas investigações internas, apurou que jamais realizou pagamentos que não os previstos nos contratos. Por outro lado, o Grupo Globo se colocará plenamente à disposição das autoridades americanas para que tudo seja esclarecido. Para a Globo, isso é uma questão de honra. Não seria diferente, mas é fundamental garantir aos leitores, ouvintes e espectadores do Grupo Globo que o noticiário a respeito será divulgado com a transparência que o jornalismo exige”.