O primeiro pulo na piscina é às 7 horas da manhã, para 120 minutos de treino. Meia hora de intervalo e ela já está na sessão de musculação, que só vai terminar perto do meio-dia. No fim da tarde, mais duas horas na água. Sem falar no primeiro semestre da faculdade de Jornalismo que frequenta à noite... Não é nada fácil a rotina da nadadora paranaense Ana Carla Carvalho, de apenas 18 anos. Mas também não é para qualquer garota conquistar uma vaga no Mundial de Esportes Aquáticos.
Com o tempo de 31s13 obtido no Troféu Maria Lenk no início do mês, ela obteve índice para representar o Brasil na prova dos 50 metros peito precisava de 31s72.
"Estava esperando muito essa vaga. Treinando bastante e confiante de que poderia conseguir", diz Ana Carla, planejando melhorar até o Mundial de Roma (de 26 de julho a 2 de agosto). "Vou com as melhores expectativas. Quero tentar baixar essa marca."
O esforço continuará na reta final de preparação na piscina do Pinheiros, em São Paulo. No dia 16 de junho ela estará na França para o Aberto de Paris. Depois de um breve retorno ao Brasil, vai para a Sérvia disputar a Universíade (Olimpíada Universitária). Por fim, passará uma semana de aclimatação com a seleção brasileira em Portugal antes de seguir para a Itália.
Mas viagens e a saudade da família já não assustam Ana Carla, que vive na capital paulista enquanto os pais moram em Curitiba. Nascida em Guarapuava, onde começou no esporte aos 5 anos, aos 7 se mudou para Londrina.
"Meu pai era da Polícia Militar e foi transferido. Voltei a fazer natação quando tinha 10 anos. Nadei bonitinho em uma competição, o professor falou que não tinha por que ficar só fazendo aulinhas e me indicou um lugar para treinar", lembra.
Aos poucos, a relação com a piscina foi ficando cada vez mais séria. Em 2005 ela se mudou para Santos e passou a competir pela Unisanta. Três anos depois foi convidada a integrar a equipe do Pinheiros. Em São Paulo, trabalhando com o técnico Arílson Silva, veio o último passo da evolução técnica. No mesmo clube treina, por exemplo, o atual recordista mundial dos 50 m peito, Felipe França. Também são companheiras Tatiane Sakemi (50 m e 100 m) e Carolina Mussi (100 m e 200 m), outras peitistas brasileiras classificadas para Roma.
Melhorar o tempo nas outras distâncias do estilo, aliás, é um dos projetos de Ana Carla após o Mundial. Afinal, a disputa dos 50 m peito não faz parte do programa olímpico.
"Como estava bem nessa prova, resolvemos trabalhar mais em cima dela agora. Depois, pensando em Olimpíada, vamos dar mais atenção aos 100 m", contou a nadadora, após terminar mais um pesado dia de idas e vindas na piscina.
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