Mano Menezes passou por Curitiba para participar de eventos comerciais, mas não conseguiu fugir do tema seleção brasileira| Foto: Walter Alves/ Gazeta do Povo

O técnico da seleção brasileira Mano Menezes recebeu ontem a reportagem da Gazeta do Povo para uma rápida conversa. Ele está na cidade participando de eventos comerciais e fez uma breve análise do rendimento do time nacional até o momento, comentou a dificuldade em dar um estilo de jogo para a equipe e como isso pode se transformar em pressão extra para a Olimpíada de Londres, no ano que vem.

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Qual a avaliação você faz do trabalho à frente da seleção nesses 16 meses?

Esperávamos um período bastante difícil mesmo, porque não passamos por uma transformação tão grande sem pagar um preço. E o preço é oscilar um pouco em termos de rendimento e não ter condições de render tão bem. Sempre estivemos acostumados a jogadores consagrados e quando os perdíamos, não perdíamos tantos ao mesmo tempo. Lógico que bastante por opção nossa mas, se analisarmos, era necessário mesmo uma mudança mais radical.

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Preocupa ainda não ter encontrado uma maneira de a seleção jogar?

Não. Penso que estamos no período para se fazer isso. Não se encontra novos nomes sem colocar o jogador na partida. Convo­­ca­­mos, levamos o jogador, que faz dois treinamentos. Não há condições de fazer uma avaliação fiel. Precisa mais para ter a confiabilidade necessária para seguir em frente e poder fazer parte da seleção na Copa do Mundo. Até a Olim­­píada teremos um tempo li­­mite para isso, mas depois não po­­deremos mais fazer testes. Aí sim temos de dar uma noção muito clara da seleção, com repetições e definições táticas importantes.

Sentiu-se ameaçado no cargo justamente por essas dificuldades?

Técnico de futebol que se preocupa com isso não trabalha. Tenho uma teoria muito simples: quando se chega em um cargo tão grande como esse, o que você fez até aqui é a ideia que as pessoas tem de ter do trabalho. Às vezes, no futebol, fazemos tudo o que acreditamos e os resultados não aparecem. Quando fazemos isso, vamos para casa de consciência tranquila. O contrário é muito duro, ainda mais no turbilhão de opiniões que se forma no futebol, principalmente em se tratando de seleção brasileira. Quanto a isso, estou muito tranquilo porque estou fazendo aquilo que acredito ser correto.

Como trabalhar a seleção principal e a sub-23 no ano olímpico de 2012?

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Isso está muito bem definido. Vamos usar a data de fevereiro para a principal e teremos três meses onde não temos data Fifa e, com a impossibilidade de convocar jogadores de fora, vamos chamar os jogadores olímpicos que atuam no futebol brasileiro. Muitos deles já convocamos e ainda podem aparecer outros nomes. Depois teremos quatro datas em junho que também utilizaremos para a seleção olímpica.

O Brasil nunca foi campeão olím­­pico e por isso há uma pressão natural. Você não acredita que pode ser um desgaste desnecessário ser também o treinador da seleção em Londres 2012?

Faz parte de todo o projeto para 2014. Os jogadores com idade olímpica reúnem as maiores chances de fazer parte da seleção de 2014. Tem de ter essa coerência. A seleção que vai para a Olim­­píada não é sub-20, é sub-23. É outro tipo de atleta, alguns jogam nos principais clubes brasileiros e outros nos grandes clubes do mundo. Acha­­mos isso mais coerente, mesmo com o risco de desgaste. É muito importante o técnico da [seleção] principal estar lá.

Você convocou recentemente o zagueiro Emerson, do Coritiba, para a seleção. Com o bom ano do Alviverde, há espaço para mais alguém?

Como técnico da seleção, acompanho o trabalho feito pelas equipes, a trajetória dos jogadores. Acho normal que o torcedor e os críticos esportivos apontem outros nomes para estar na seleção. Já convocamos quase 80 jo­­gadores, não temos como abrir tanto mais porque o número já está bastante alto. Mas óbvio que se alguém continuar se destacando e se afirmando, estaremos observando, afinal esse é o nosso trabalho.

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