Finalistas do Campeonato Paranaense, Paraná e Paranavaí têm muito mais em comum do que o vermelho e branco do uniforme. São exemplos bem acabados da revolução que uma política correta de contratações pés no chão é capaz de fazer num time de futebol.

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Há quase dois anos dominando o futebol do estado, o Tricolor se vê constantemente obrigado a começar do zero. Foi assim após a quinta colocação no Brasileiro do ano passado, quando dez dos jogadores mais utilizados por Caio Júnior (Peter, Gustavo, Edmílson, Pierre, Eltinho, Edinho, Batista, Sandro, Maicosuel e Leonardo) seguiram o caminho do técnico e deixaram a Vila Capanema.

Apesar da proximidade da estréia na Libertadores, não houve tempo para desespero. Mesmo sem a colaboração do braço direito Will Rodrigues, contratado pelo rival Coritiba no meio de 2006, o diretor de futebol Durval Lara Ribeiro, o Vavá, saiu em busca de reforços, especialmente no interior de São Paulo. O perfil das contratações é a mesma que fez surgir Borges e Daniel Marques: jogadores jovens, com baixos salários e que usem a oportunidade para crescer profissionalmente, ajudando o Paraná a se firmar entre os grandes.

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Segundo o vice-presidente de futebol José Domingos, tão logo um jogador se despede do clube, a diretoria folheia uma pequena agenda com nome e características de vários atletas para a mesma posição. É o caso do atacante Henrique, que há poucos dias trocou a Vila pelo Alto da Glória. Os dirigentes esperam somente o Estadual terminar para anunciar o substituto.

"O trabalho é permanente. Temos tudo levantado, anotado. Agora mesmo já mantemos conversações com jogadores que podem nos reforçar no Brasileiro", afirmou Domingos.

No Paranavaí o serviço de olheiro é centralizado no diretor de futebol Lourival Furquim há 16 anos. Dirigente remunerado pelo ACP, Furquim começou a montar o time sensação do campeonato logo após o Regional do ano passado. Como o futebol profissional parou na cidade, Furquim aproveitou o tempo ocioso para viajar de carro pelo Brasil em busca de gente que aceitasse o que ele poderia oferecer: salários em dia e a vitrine do futebol paranaense.

Foi assim que conseguiu convencer o Cene-MS a liberar o meia Agnaldo e o atacante Edenílson, dois dos principais nomes do Vermelhinho. "E o que é melhor, eles ainda pagam parte dos salários", revelou.

Dos 22 atletas que desembarcaram no Waldemiro Wágner no começo da temporada, apenas dois, Di Marcellus e Vágner, foram embora antes do desfecho da competição por opção do técnico Amauri Knevitz. O bom aproveitamento faz Furquim sonhar com o que faria se tivesse o orçamento do adversário para trabalhar – a folha salarial do ACP é de R$ 52 mil, quase dez vezes menor que a tricolor, estimada em R$ 450 mil.

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"Ah, se eu tivesse o dinheiro do Paraná", suspirou o dirigente. "Sei que mais de 50% desse grupo vai embora, por isso já me agilizei. Preciso de apenas 20, 30 dias para montar outro time competitivo para a Série C", prometeu, com a satisfação de quem é, no mínimo, vice-campeão paranaense.