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Clubes precisam de mobilização das cidades
Atrair bom público aos estádios é um desafio extra para cidades menores. Afinal de contas, quanto maior a população, menor a porcentagem de habitantes que precisa ser mobilizada para render bons números na bilheteria. Esse é o caso do Paranavaí, por exemplo. Apesar de ostentar uma taxa de ocupação pequena nos últimos dois anos, o Vermelhinho conta com uma mobilização razoável da cidade nas arquibancadas. Considerando população (81.595, segundo o IBGE) e média de público, em 2011 o ACP viu 1 a cada 75 habitantes do município ir ao Waldemiro Wagner. No ano seguinte, essa proporção caiu para 1 a cada 99. Nos dois casos o clube teve o terceiro melhor desempenho nessa lógica matemática.
Cenário diferente é encontrado em Ponta Grossa. Mesmo tendo média de público interessante, o Operário não consegue a mesma "mobilização" da região. Em 2011, 1 a cada 139 habitantes do município acompanhou in loco o Fantasma no Germano Krüger, estatística que nesta temporada foi para 1 a cada 135. Na cidade moram 317.339 pessoas.
Os dados não incomodam o clube. "Temos um público fiel, faça chuva ou faça sol. O pessoal aqui é doente pelo Operário. Mesmo quando o time está ruim, três mil pessoas aparecem. É um clube centenário e isso ajuda", explica o diretor de futebol, Maurício Barbosa.
3,6% de ocupação
O Corinthians agora Jotinha joga em Curitiba, mas tem números parecidos com os do interior. O Ecoestádio raramente vê grandes públicos quando o mando é do ex-Timãozinho, exceto quando enfrenta os três grandes da capital. Em 2011, a ocupação do Janguito foi de 9,6%, a antepenúltima quando comparada às equipes do interior. Em 2012, piorou: 3,6%.
Quanto melhor o time, mais gente nas arquibancadas. Independentemente de tradição da camisa ou tamanho da cidade. Essa parece ser a lição apresentada pelos clubes paranaenses durante o Estadual.
Nos estádios do interior, nos últimos dois anos do campeonato local sem considerar a final do interior e levando em conta apenas quem disputou as duas temporadas as equipes que brigaram pelo topo da tabela tiveram as melhores taxas de ocupação nos estádios. E mais público significa mais apoio das arquibancadas, o que acaba motivando ainda mais os jogadores.
Os dois melhores colocados do interior em 2011 (Operário e Cianorte) e em 2012 (Arapongas e Cianorte) foram os que tiveram mais apoiadores em relação à capacidade do estádio. O Azulão, por exemplo, teve 44,1% do Estádio Albino Turbay ocupado nos jogos em 2011. Número que praticamente seguiu estável no ano seguinte (43,2%). Já o Operário de Ponta Grossa viu o Germano Krüger ter a melhor ocupação em 2011 (48%) e a terceira neste ano (26,6%).
Com repetidos sucessos em campo, é quase certeza que as arquibancadas estarão, se não cheias, pelo menos bem tomadas. Cria-se, porém, uma cobrança maior por bons resultados. Afinal, o torcedor faz a parte dele ao comparecer e espera um time de qualidade dentro das quatro linhas.
"O nosso torcedor já é um torcedor exigente e temos essa consciência. Temos conseguido manter o nível de público em função dos resultados. Temos aquele torcedor de resultado, que só vai quando o time está bem, mas sabemos que temos aqueles que são fiéis ao time", comemora o gerente de futebol do Cianorte, Adir Kist.
Essa relação não funciona apenas no topo da tabela. Na parte de baixo a lógica é a mesma. O Rio Branco tem sofrido e escapado por pouco da Série B estadual nos últimos anos. O Gigante do Itiberê tem visto poucos seguidores do Leão da Estradinha nesse período. Em 2011, contabilizou 9,2% de ocupação e, na temporada seguinte, apenas 8%.
A pior situação é a do Paranavaí. Campeão estadual em 2007, só amarga resultados ruins e tem enfrentado a ausência dos torcedores no Waldemiro Wagner. São do Vermelhinho as piores médias de ocupação nas últimas duas temporadas 6% em 2011 e 4,8% em 2012.
"A torcida realmente deu uma afastada. Depois que fomos campeões, o público caiu bastante", lamenta o diretor de futebol, Lourival Furquim, que tem outra tese para a queda de audiência in loco. "Era uma cultura do interior ir ao estádio e beber cerveja. Quando foi proibido [em 2008], muita gente deixou de ir. Isso tira pelo menos 500 pessoas por jogo", calculou.
O Rio Branco espera mudar esse cenário em 2013. A esperança é de que o torcedor volte ao estádio e passe a ser um reforço para o time dentro de campo. A estratégia é deixar de lado o Gigante do Itiberê e retornar à simpática Estradinha.
"A Estradinha vai ser um fator muito importante para nós. Eu tenho certeza de que voltando para lá, a média de público vai melhorar muito", projeta o gerente de futebol do time de Paranaguá, Sebastian Kozlovski.
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