Guadalajara - Um esporte sem vestígio no Brasil, modalidade que até já foi ilegal no país, fará a festa dos mexicanos no Pan-Americano de Guadalajara.
Enviada especial conta como foi a participação brasileira ontem
Os donos da casa incluíram no programa dos Jogos a exótica pelota basca chamada também de frontón. São dez medalhas em jogo, com apenas 100 participantes, mas certeza de muitas olas e tequila na comemoração.
Desde quinta, a prática é uma das seis modalidades em que não há brasileiros em ação. Não para menos: de origem espanhola, praticamente só avançou em nações que falam a língua de Cervantes.
Mas a modalidade já teve seu espaço na terra do futebol como jogo de azar, impulsionado a jogatina e apostas. Graças a isso, foi proibida no início da década de 1940, após decreto do governo Getúlio Vargas. Resultado: a popularidade caiu em queda livre.
Exatamente o oposto do que ocorre no México. A cada local que se pergunte sobre o frontón, como é mais chamado na sede do Pan, a resposta é a mesma: trata-se do segundo esporte mais praticado, perdendo apenas para o futebol.
Para visualizar, trata-se ser uma espécie de tênis misturado com squash (definição simplória, segundo os fãs de Guadalajara). Eles levam o esporte tão a sério que fotos de campeões mundiais mexicanos, claro como os irmãos Alberto e Arturo Faisal, estampam campanhas publicitárias de marcas locais.
Para jogar, é preciso ter um muro o tal frontón, que dá origem ao nome e uma bolinha, menor do que a de tênis, mais densa e mais veloz. Em geral, feita de couro ou borracha, que vai ser rebatida contra o muro com a ajuda de algum equipamento. Ou com as mãos (fechada e protegida com esparadrapo).
A ferramenta mais comum é a raquete, muito parecida com a de tênis ou curva, feita em madeira.
Apesar de causar estranheza aos brasileiros, a pelota basca já foi esporte olímpico. Em caráter de demonstração; mas, olímpico, jogado nos Jogos de 1924, em Paris, e em Barcelona (1992). França e Espanha, aliás, chamam para si a criação do esporte. Em Pan, foi disputado até a edição de 2003.
Os ingressos para as finais da pelota basca estão esgotados embora ainda haja lugares para as fases preliminares das dez categorias duas delas, femininas.
Pelos parques de Guadalajara, é comum ver as crianças brincando com o curioso esporte, assim como é muito praticado em clubes da cidade pelos mais velhos.
Se no Brasil muitos aderem à corrida de rua como atividade física para o bem-estar, na cidade-sede do Pan o hábito é dedicar de uma a duas horas diárias para as raquetadas. "Comecei a jogar com 16 anos. Mas, na época, não tinha dinheiro para comprar raquetes, então, usava a mão", conta o engenheiro químico Enrique Gomes Parra, 63 anos.
Ele joga com outros colegas, como o advogado Augustín Ayala Ordeñho, 67, que há sete anos pratica o esporte, quando deixou o tae kwon do. "Aqui, corremos muito, gasto muita energia, sem me causar dor", conta.
As competições são muitas durante o ano. E muitos praticantes participam como amadores. "Este ano, fui a dois nacionais", diz o comerciante Guilherme Garduño, 38 anos. "Jogo todos os dias, desde os 17 anos, duas horas diárias", orgulha-se.
Para ganhar um desafio, precisa vencer dois sets de 21 pontos, com vantagem. A bola, assim como no tênis, não pode quicar duas vezes na quadra do rival. As disputas de medalha serão quarta e quinta-feira.
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