Guilherme Macuglia, em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, falou de todos os problemas que vêm perseguindo o Paraná neste ano: “Sempre tivemos de administrar problemas internos”| Foto: Walter Alves/ Gazeta do Povo

Sem saber o que explicar à torcida, cúpula paranista se autocensura

Na semana mais conturbada da história do clube, a diretoria paranista optou por ficar muda. O silêncio é consequência da surpresa com a decisão do Su­­perior Tribunal de Justiça Des­­portiva (STJD) de absolver o Rio Branco e manter o rebaixamento do Tricolor no Estadual.

A confirmação da queda para a Segundona do Para­­naense deixou muitas perguntas quanto ao futuro do clube em 2012. Sem saber como responder, os dirigentes decidiram adotar a tática da clausura, evitando dar explicações à torcida.

As indefinições são resultado da falta de um plano B. Mesmo com o time tendo sido rebaixado no campo há sete meses, a verdade é que o planejamento tricolor para o ano que vem não cogitava a possibilidade de o clube ter de enfrentar rivais do porte de Cincão, Ser­­rano e Junior Team.

A mudança de rumo, contudo, alterou o ritmo das renovações de contrato. Mesmo quem já havia garantido um novo vínculo, casos de Cambará e Amarildo, deve repensar a permanência.

A justificativa da atual gestão para a automordaça é não atrapalhar a semana decisiva do time, que luta contra um novo rebaixamento, desta vez para a Série C do Brasileirão. Segundo a assessoria de imprensa do clube, somente após o jogo contra o Bragantino, amanhã, às 17 horas, na Vila Capa­­nema, os atuais dirigentes devem se pronunciar.

Procurados pela Gazeta do Povo, o presidente Aquilino Romani e o vice de finanças, Celso Borba Bittencourt, não atenderam as ligações. Aramis Tissot, primeiro vice, está no litoral, e Paulo César Silva, vice de futebol, não tem concedido entrevistas.

Já a versão do novo presidente, Rubens Bohlen, e de seus pares da diretoria, só será conhecida após a posse, marcada para o dia 13 de dezembro – apesar de o processo de transição já ter sido iniciado. Até lá, silêncio. (CB)

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Contratado com a missão de recolocar o Paraná na disputa por uma va­­ga na Primeira Divisão, Guilher­­me Macuglia chega ao fim do campeonato com o desempenho abaixo do esperado (5 vitórias, 5 em­­pa­­tes e 4 derrotas, 47% de aproveitamento). O Tricolor "virou o fio" e ago­­ra luta para se livrar de um vergonhoso rebaixamento à Série C. Sem medir as palavras, o técnico crava a passagem pela Vila Capa­­nema como "uma das mais difíceis da carreira". Segundo ele, o am­­bien­­te tumultuado nos vestiários e os problemas financeiros interferiram no resultado de campo. "Des­­de que cheguei o clima no vestiário nunca foi de tranquilidade. Sempre tivemos de administrar problemas."

Não deve estar sendo fácil administrar os problemas e a pressão que rondam o Paraná neste momento?

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Desde que cheguei aqui o clima no vestiário nunca foi de tranquilidade. Sempre tivemos de administrar problemas internos. [O Paraná] tem sido um dos clubes mais difíceis que treinei. Pela situação na tabela, pelos problemas do grupo, está bem complicada a condução do time até aqui.

Até que ponto esses problemas nos vestiários prejudicaram o grupo?

Eles afetaram muito o nosso rendimento. O grupo teve momentos bons, mas não conseguiu administrar essas situações, e isso se refletiu nas partidas. Mas a culpa de estarmos nessa situação é nossa. Temos que dar a resposta dentro de campo.

A confirmação da queda para a Segunda Divisão do Estadual mexeu muito com os jogadores?

É claro que isso mexe, principalmente com aqueles que tinham possibilidade de permanência. Está todo mundo aflito.

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Antes da decisão do STJD a diretoria pretendia contar com você em 2012. Com o time sem jogar de janeiro a maio do ano que vem, você ainda quer ficar no clube?

Tudo depende do planejamento que a direção vai colocar. Indepen­­dentemente de jogar a Série B do Paranaense, o Paraná é uma grande equipe e eu sempre disse que defendo a continuidade do trabalho, mas ainda não conversei nada com a diretoria. Estamos focados apenas nesse jogo contra o Bragantino [amanhã].

O que o clube deve fazer para se reestruturar para o ano que vem?

Precisa aprender com erros e em cima disso fazer o planejamento. Tem de se estruturar, se organizar dentro de uma realidade e externar isso. O planejamento na parte financeira tem de ser fiel com o que o clube pode pagar. Não dá para ficar escondendo as coisas. O Paraná tem tido muitas dificuldades nos últimos anos e isso não é coincidência. Os resultados dentro de campo passam pela organização do clube.

Qual o peso que os salários atrasados tiveram no desempenho da equipe?

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O jogador fica preocupado e perde o foco, não tem jeito. Ele pensa no seu futuro, se deixa influenciar. Atrapalha, sem dúvida, mas não posso medir isso desta forma.

Você tem experiência em Série C, foi campeão em 2006 pelo Criciúma...

É um campeonato completamente diferente. Na realidade é mais um torneio, são várias fases. As equipes são bem mais equilibradas, qualquer erro que você comete, está fora. É muito complicado. Os jogos são extremamente desgastantes, cada partida é uma decisão.

Qual deve ser a postura do time contra o Bragantino?

A equipe vinha em uma crescente e tem de jogar como antes. Nos últimos quatro jogos fora de casa a arbitragem foi determinante, mas na Vila tudo transcorreu dentro de uma normalidade. O time não perdeu em casa sobre o meu comando. Os jogadores têm de ficar tranquilos, cada um fazer a sua parte.

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Como vai ser a sua preleção antes do duelo de amanhã?

Nenhum profissional gosta de manchar o seu currículo. É por aí o caminho que vamos conversar.