O futebol paranaense completa cem dias sem futebol nesta terça-feira (23). A bola rolou pela última vez na rodada final da primeira fase do Estadual, em 15 de março, já com portões fechados, devido à pandemia de coronavírus.
São mais de três meses de bola parada. O recesso atingiu duramente os clubes, tanto do interior, como da capital, e ainda gera reflexos na organização do futebol, seja de maneira local, como nacionalmente.
Confira um resumo do que aconteceu futebolisticamente no estado do Paraná desde a paralisação das competições.
“Atletiba do coronavírus”
O clássico Atletiba assinalou o fim forçado do futebol na capital. Dia 15 de março, o Coritiba goleou os aspirantes do Athletico por 4 a 0, no Couto Pereira, já sem público. Os dias que antecederam a rodada, aliás, foram de confusão por parte da Federação Paranaense de Futebol (FPF).
No dia 12 de março, a FPF garantiu que a rodada aconteceria normalmente, com portões abertos, apesar da situação de pandemia já estar avançando no país. No dia seguinte, apenas dois dias antes dos jogos, a entidade voltou atrás e confirmou os duelos sem público.
Garantia de decisão em campo
Dois dias depois das últimas partidas no estado, o presidente da FPF, Hélio Cury, asseverou que a disputa terminaria em campo, mesmo sem que houvesse uma previsão de retorno.
“Futebol se decide em campo. Podem demorar mais ou menos, mas temos que fazer a decisão do campeonato”, declarou o Cartola no dia 17 de março, à Rádio Transamérica.
Tricolor na bronca
Mas não foi apenas no estado do Paraná que as decisões sobre a paralisação foram tomadas de última hora. O cenário se repetiu Brasil afora. A situação quase complicou o Paraná Clube.
Visando duelo decisivo que teria com o Botafogo pela Copa do Brasil dias depois, o Tricolor visitou o Toledo, em 15 de março, com um time reserva. Perdeu por 1 a 0 e se classificou apenas na oitava colocação geral, tendo de enfrentar nas oitavas de final o líder Coritiba. O cenáio foi alvo de críticas por parte do treinador Allan Aal.
Interior no olho da crise
Muito embora tenha impactado duramente os times da capital, a paralisação desencadeou um cenário desesperador para os clubes do interior, que de repente se viram privados das rendas de bilheteria e da verba da TV justamente na fase final da competição, a mais atrativa.
O caso mais emblemático foi o do Rio Branco. Sem dinheiro, a equipe de Paranaguá teve de demitir praticamente todo o elenco e comissão técnica. “Querem que assalte um banco?”, declarou o presidente do Conselho Deliberativo, Itamar Bill, expondo a extrema dificuldade financeira do clube.
Jogadores por conta própria
Os atletas dos clubes menores, aliás, tiveram de se virar para manter a forma por conta própria durante a pandemia. Em reportagem da Gazeta do Povo e Tribuna do Paraná, contamos os casos do goleiro Gabriel, ex- Cascavel CR, do volante Sananduva, do FC Cascavel, e do lateral-direito Lito, do Rio Branco.
Recesso da Federação
Assim como os clubes, a FPF entrou em férias coletivas logo após a paralisação do campeonato. Dois dias depois de retornar do período de férias, dia 13 de abril, a entidade gerida por Hélio Cury entrou em recesso por até dois meses, mantendo, neste período, somente atendimentos via email.
Férias, reduções e atrasos de pagamentos
Inicialmente, os clubes liberaram os jogadores para férias no início da paralisação. Seria apenas a primeira de uma série de medidas emergenciais que seriam tomadas. Após o período de férias, os elencos da capital retomaram as atividades à distância, com cada atleta realizando trabalhos físicos em sua própria casa.
Tanto Athletico, como Coritiba, acabaram reduzindo salários dos jogadores em 25%. O Furacão chegou a atrasar uma parcela do direito de imagem dos atletas, mas depois rapidamente retomou os pagamentos. O Coxa, por sua vez, terminou demitindo funcionários para tentar gerir a crise financeira.
Auxílio da CBF
No dia 6 de abril, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) destinou R$ 19 milhões, a fundo perdido, para auxiliar as equipes das Séries C e D a sobreviverem, beneficiando 140 clubes. A medida também valeu para as equipes do futebol feminino. A CBF também doou R$ 120 milg para cada federação estadual, incluindo a FPF.
Além disso, a entidade adiantou parcela de R$ 600 mil para os clubes da Série B, referentes aos direitos de transmissão da disputa. Na sequência, em 8 de junho, a CBF abriu uma linha de crédito de R$ 100 milhões para equipes da Série A e R$ 15 milhões para Série B.
Retomada dos treinos
Após a primeira etapa de treinamentos à distância, os clubes pouco a pouco foram retomando os treinamentos presenciais. Na capital, o Coritiba voltou ao CT da Graciosa dia 25 de maio. Na sequência, Furacão e Tricolor fizeram o mesmo.
Antes, entretanto, os clubes testaram todos os seus profissionais contra o coronavírus. Coritiba e Paraná tiveram casos positivos de pessoas que, posteriormente, se recuperaram. Apesar disso, em relação ao Athletico, a questão de treinamentos segue confusa.
Por ser o único com CT na capital, o Furacão acabou vivendo nos últimos dias indefinições sobre a permissão de treinar ou não, de acordo com as resoluções da prefeitura de Curitiba. Neste momento, o clube segue proibido de treinar no CT do Caju.
Data próxima?
Por fim, a mais recente perspectiva de retorno do Paranaense agora recai sobre o mês de julho. Superintendente de Esporte do governo estadual, Hélio Wirbiski disse acreditar, em entrevista recente à Banda B, que a bola volte a rolar “daqui 30 ou 40 dias”. Já a FPF vê no dia 18 de julho a data ideal para a retomada, ou seja, em pouco menos de um mês.
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