São Paulo (AE) Bastaram alguns minutos de liberdade para que o árbitro Edilson Pereira de Carvalho tivesse uma pequena noção de como o torcedor brasileiro recebeu as denúncias de manipulação de resultados nos jogos de futebol. Assim que deixou a carceragem da Polícia Federal em São Paulo, no início da madrugada de ontem, depois de cinco dias detido, o árbitro foi agredido por um torcedor diante das câmeras de tevê, num espetáculo deprimente.
O torcedor que se identificou apenas como Eliseu (ele se recusou a fornecer o sobrenome temendo algum tipo de represália) garante que o protesto não foi planejado. "Eu estava lá a trabalho, mas quando vi a cara de pau dele, rindo, como se nada tivesse acontecido, não agüentei e deu um tapa mesmo", contou Eliseu, 41 anos, pai de quatro filhas e que trabalha como motorista de táxi em São Paulo.
Eliseu se diz corintiano e estava revoltado com uma coisa em especial. O fato de Edílson ter dito que não manipulou o jogo entre Corinthians x São Paulo, disputado no dia 7 de setembro e que terminou com a vitória são-paulina por 3 a 2, de virada.
"Todo mundo viu que ele roubou o Corinthians. Dei (um tapa) porque ele é o maior vacilão. Mas foi só um tapinha. Ele devia sair (da cadeia) vestido de rosa (uma referência ao São Paulo) e não de preto e branco. Não deu para acertar um soco nele. Eu queria dar dois, três ... mas não consegui."
Eliseu não teme ser processado por agressão. "Só me faltava essa! Ele roubou milhares de torcedores, jogadores, técnicos e suas famílias. Ele é que tem de ser processado", argumentou o taxista. " "Eu só sei que vou sair daqui feliz da vida", completou.
Ao receber o tapa, Edílson reclamou o fato de o agressor não ter sido contido pelos policiais que estavam próximos. E relevou. "É um idiota. Quer aparecer", concluiu o árbitro.