Quando o locutor começou a informar pelos alto-falantes do Couto Pereira a escalação do Coritiba para enfrentar o São Caetano, todos esperavam por um nome. E como era previsto, o estádio se alvoroçou com o anúncio de Renaldo, o novo camisa 9 alviverde. A resposta veio com aplausos demorados, que ele não pôde retribuir no momento por estar dando entrevistas.
A resposta à acalorada recepção demorou 74 minutos de bola rolando. Iluminado, o jogador justificou o antigo interesse e o esforço do Coxa para trazê-lo do rival Paraná, honrou sua fama como artilheiro e abriu pela primeira vez os braços (seu tradicional gesto de comemoração) na sua nova casa e para seus novos fãs.
O gol do empate (1 a 1), aos 27 minutos do segundo tempo, acordou o público de um jogo sonolento e reviveu o Coritiba no gramado. Mais um pouco e ele incendiou a torcida de vez com o passe para o gol de Alcimar. "Foi uma festa, um entusiasmo que nunca tinha sentido, de arrepiar", disse o técnico Cuca.
O matador previa o êxtase. "O primeiro tempo foi apático. Mas no segundo a gente melhorou e eu já estava sentindo o gostinho do gol. Sabia que podia fazer, queria estrear com um gol e retribuir o carinho da torcida que lotou o estádio. Foi uma festa muito bonita", afirmou o artilheiro, que balançou a rede pela segunda vez no Brasileiro-2005. A pontaria só havia funcionado uma vez nas seis partidas com a camisa do Tricolor.
Era a estréia perfeita até o empate do Azulão. Mas nem isso estragou a atuação do jogador. Renaldo foi digno do seu status de "puro-sangue". A eficiência foi comprovada pelo seu desempenho. Errou apenas um passe, finalizou cinco vezes (quatro na direção do gol de Sílvio Luiz) e recebeu 42 bolas durante o jogo prova de que será a referência que Cuca pedia há tempos para o setor ofensivo.
O talento, entretanto, também tem seu preço. Renaldo passou o primeiro tempo isolado dos companheiros no campo de ataque e seguido por dois incansáveis marcadores. Tanto que foi alvo de sete faltas, um quarto de todas sofridas pela equipe do Coritiba.
Apesar de tudo isso, o atacante se disse abaixo do ideal. "Fisicamente preciso me aprimorar muito para poder ajudar mais coletivamente", avaliou o jogador. Renaldo até agüentou os 95 minutos (com acréscimos), mas queixou-se de dores na panturilha na saída para o vestiário.
O jogador indicou que se conseguir chegar ao estágio que ambiciona, a equipe evoluir e o apoio das arquibancadas persistir, o Coritiba será um time imbatível como mandante.
Ainda assim suas previsões sobre o time são cautelosas. "Acho que podemos chegar à Sul-Americana, tem a Libertadores também. Mas não dá para iludir o torcedor e dizer que vai ser campeão. O certo é pensar em um degrau por vez", afirmou.