Futebol americano sempre foi um sonho distante para a curitibana Ester Biss de Alencar. Aos 20 anos, quase uma década depois de se apaixonar à primeira vista pelo esporte, ela pode se orgulhar por tê-lo transformado em realidade. Sem o esforço dela, o sonho do Curitiba Silverhawks não seria possível.
“Quando comecei a acompanhar meu irmão no Brown Spiders, em 2008, não imaginava que poderia jogar também algum dia”, conta a estudante de educação física e principal responsável por colocar o Curitiba Silverhawks no mapa da bola oval do país.
A saga Silverhawks: como um grupo de curitibanas transformou o sonho de jogar futebol americano em realidade
Leia a matéria completaA saga que resultou na estreia do time no Campeonato Brasileiro no último dia 22 de julho, contra o Brasília Piltos, revela a capacidade de mobilização e de liderança da garota que usa tranças embaixo do capacete.
No fim de 2014, ela conheceu um grupo de mulheres que treinava no recém-formado Guardian Angels. Com o passar do tempo, porém, as jogadoras começaram a minguar, os treinos foram acabando, assim como a própria equipe.
“Eu tinha duas opções: ou desistia ou reerguia aquilo”, lembra Ester, que na época conheceu Amanda Ramos, atual vice-presidente do Silverhawks, com quem iniciou uma revolução inimaginável.
O time, então, foi incorporado ao Brown Spiders, ganhou visibilidade e começou a atrair mais atletas. Nesse meio tempo, Ester foi ganhar experiência de campo no Cariocas FA, que já disputava o Brasileiro.
“Você joga mesmo? Não se machuca? É de lingerie? Ouço muitos comentários machistas desses, mas para mim são irrelevantes.”
“Viajava todo mês para o Rio de Janeiro. Passava o domingo lá, chegava de manhã, jogava à tarde e voltava à noite”, explica a quarterback, que usava o dinheiro da bolsa de iniciação científica da faculdade para custear parte das passagens, mas dependia do apoio financeiro dos pais para bancar a aventura.
No início de 2017, em busca de autonomia nas decisões e com o objetivo de disputar jogos oficiais, nascia o Silverhawks. Ester se tornou técnica, presidente e jogadora.
E, principalmente, exemplo. “Elas se apoiam muito em mim, me respeitam muito. Minha liderança é na base do respeito e do exemplo. Então exijo delas aquilo que eu mostro. Me esforço para ser a melhor atleta do planeta para que eu possa exigir que elas sejam a mesma coisa”, argumenta a líder nata.
“Ver a evolução delas é a concretização de um sonho na verdade. Sozinha nunca teria feito nada”, completa Ester, que mesmo machucada no banco de reservas, ainda com o jogo rolando, tinha que resolver problemas como o sorteio de uma rifa.
A responsabilidade que aparentemente não encaixa no rosto de adolescente camisa 12 também criou outra situação inusitada. Além de comandar mulheres com mais do que o dobro de sua idade, a Srta. Futebol Americano também é chefe da própria mãe.
“No campo, a hierarquia é invertida. Tanto que me submeto a ela 100%. Não tem. Ela manda, eu faço. Sou atleta dela”, confirma Marcia Biss de Alencar, de 50 anos.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Ataque de Israel em Beirute deixa ao menos 11 mortos; líder do Hezbollah era alvo
Deixe sua opinião