Decadência das estruturas (leia-se estádios), pessoas sem experiência na organização de uma partida de futebol, distorção entre as entidades envolvidas e enfrentamentos. O processo de violência no futebol brasileiro é bastante parecido ao verificado na Inglaterra, nos anos 80. A maior diferença, no entanto, está nas arquibancadas. Enquanto os ingleses tinham os holligans, por aqui quem reina são as torcidas organizadas.
"Os Holligans não faziam emboscadas para matar pessoas, só enfrentamentos", destaca Marco Aurélio Klein que levanta um dado triste do futebol brasileiro em seu estudo: entre 1995 e 2006 os confrontos entre torcedores deixaram um saldo de 22 mortos e 107 feridos.
Se há algo de positivo nisso, em um comparativo apenas com a década de 80 dos ingleses, uma tragédia bem menor. Lá, no período, foram verificadas 155 mortes e quase mil torcedores gravemente feridos.
Os números, no entanto, não podem levar a uma solução simplista. "As organizadas não são a causa da violência, mas conseqüência de uma série de fatores. O que precisamos é utilizar meios eficientes para identificar e punir apenas o torcedor violento", diz Klein.
Na prática, há duas semanas um projeto piloto para o controle das torcidas organizadas foi lançado em São Paulo, pela CBF, Federação Paulista e Ministério dos Esportes. Entre as ações implementadas, está a exigência de que as organizadas sejam sociedades civis, o cadastramento de seus membros (com informações básicas, digitais e foto) e a classificação, com antecedência, das partidas por ordem risco.
Dependendo do estádio e do risco, a FPF mandará uma unidade móvel de monitoramento ou seja, uma van com capacidade de se locomover a estádios pequenos e instalar até 32 câmeras dependendo do risco da partida que esteja para ser realizada.
O cadastro dos integrantes das torcidas organizadas, inclusive, não deve ficar restrito a São Paulo. A medida será avaliada no Estadual para ser posteriormente adotada em todo o país. Ela foi aprovada na sexta-feira em reunião entre o Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) e a CBF.