Campinas (AE) O ex-árbitro de futebol João Paulo Araújo, 53 anos, confirmou ontem que foi aliciado para tentar corromper árbitros do quadro nacional a favor da máfia do apito. Morador de Piracicaba, onde estão centralizados os negócios envolvendo a manipulação de resultados de jogos do futebol brasileiro, ele receberia de R$ 20 mil a R$ 30 mil por semana e poderia oferecer até R$ 80 mil por semana para o diretor da Comissão Nacional de Arbitragem, Armando Marques.
Os contatos aconteceram há cerca de quatro meses, deixando em aberto que outra pessoa poderia estar exercendo este papel. O próprio Araújo, sutilmente, revelou que alguém pode ter feito este "trabalho sujo".
Araújo diz que não denunciou o caso na época por ter acreditado que "era um projeto" e não um esquema articulado por uma quadrilha de jogos. "Falei com uma pessoa por telefone várias vezes. O atendi porque ele sempre falava de particularidades da minha vida, como de meus dois filhos, do meu desejo de comprar um carro. A pessoa até me falou uma vez: em vez de comprar um carro de R$ 20 mil, você pode comprar logo uma Mercedes".
Segundo ele, caso aceitasse a oferta, o grupo iria tratar do assunto diretamente. Quando o ex-árbitro se negou a fazer parte do grupo, ainda foi lhe feita outra proposta que consistia em "ligar para os cabeças de arbitragem, em São Paulo, e lá no Rio de Janeiro, dizendo que um amigo meu ligaria para conversar".
João Paulo Araújo garante que também rejeitou a oferta. "Passei a limpo minha carreira de arbitragem, onde sofri muita pressão deste tipo, e não seria agora, fora do futebol, que me envolveria em negócio sujo".
Araújo também foi irônico quando lembrado da atitude de Edilson Pereira de Carvalho de beijar um santinha antes dos jogos. "Acho que esta santinha dele é do diabo". O ex-árbitro também levou na gozação a possibilidade de Armando Marques ser corrompido. "Ele rodaria a baiana rapidinho, mesmo porque para ele é mais fácil".
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