Anderson Silva faz amanhã, nos EUA, sua 40.ª luta profissional de MMA. O pano de fundo é Las Vegas. O torneio é o tradicional UFC. A bolsa para entrar no octógono está na casa de milhões de reais. Mas nem sempre foi assim na vida do lutador.
VÍDEO: Anderson Silva sonha em lutar pelo UFC em Curitiba
Há 18 anos, o Spider que nem o apelido tinha começou a carreira em um ringue com cordas bambas e cujo piso era feito de lona de 'barraca de camelô'. Foram duas lutas na mesma noite abafada de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul. Para chegar lá, o paulista radicado em Curitiba passou quase um dia inteiro dentro de um ônibus. O esforço valia R$ 1.000, com uma única condição. "Se não ganhasse as duas não levava nada. Mas demos hotel diferenciado e alimentação, além da passagem", recorda Dilson Filho, o 'Dilsinho Mad Max'.
Naquele 25 de junho de 1997, o ex-participante do Big Brother Brasil 3 foi árbitro dos dois primeiros capítulos da trajetória do ex-campeão dos médios (até 84 kg) do UFC. Dilson, o pai, era o organizador do Brazilian Freestyle Circuit (BFC) e colocou o herdeiro para mediar um campeonato de vale-tudo que tinha três regras: era proibido morder, dedo nos olho e golpe baixo. "O resto valia, era luta mesmo", garante Dilsinho.
Primeiro adversário do Spider, o amazonense Raimundo Pinheiro, tinha dois combates em seu cartel. Uma vitória e uma derrota. Apenas 1min53s depois de subir ao ringue, viu seu recorde ficar negativo. Mostrando bom nível no chão, o que não era sua especialidade, Anderson recuperou-se de uma queda e o finalizou com um mata-leão.
O triunfo daquele desconhecido e esguio lutador (1,88 m e 75 kg) repercutiu nos bastidores. "Chegaram no vestiário dizendo 'Ih, o cara finalizou, o cara finalizou '", relata o ex-UFC Cristiano Marcello, que também estreou no evento do Centro-Oeste, mas na categoria até 70 kg.
Marcello, que viria a ser treinador de jiu-jítsu de Anderson na academia curitibana Chute Boxe alguns anos depois, viu de perto a decisão do BFC. Ele estava no corner do primo, Fabrício Camões, o Morango, com quem Anderson lutaria por três rounds, totalizando 25min14s. "Foi um lutão, uma briga O Anderson já era diferenciado naquela época", afirma.
Diante de aproximadamente três mil pessoas que lotaram o ginásio do Colégio Dom Bosco, Morango sentiu na pele o talento do paranaense por adoção. O duelo aconteceu com peso máximo de 80 kg. "Fui para a trocação, mas logo me deparei com a envergadura dele. Braços e pernas compridas, foi difícil para encurtar, ainda mais que estava difícil parar em pé", explica.
Molhada pelo suor acumulado nas lutas anteriores, a lona estava extremamente escorregadia. Assim, o carioca da academia Gracie Humaitá não conseguiu impor seu jiu-jítsu superior. As qualidades que apareceram, então, estavam do outro lado.
Noção de distância privilegiada, movimentação intensa e precisão cirúrgica na aplicação dos golpes de muay thai. Além da frieza extrema. O resultado foi um nocaute técnico único lembrado com carinho por Morango.
"É um orgulho ter feito parte da vida dele por 25 minutos porque 'neguinho' não dura cinco minutos com o Anderson Depois da luta, me tornei fã", diz o lutador, aposentado do MMA e dono de uma filial da academia Gracie em San Diego, nos EUA.
Por bem mais do que 'milão', a lenda do esporte volta a lutar 13 meses depois de fraturar a perna de maneira chocante. Mas para quem viu in loco a primeira conquista de Anderson Silva, até uma folha de papel tem valor inestimável. "Recebi uma proposta de um colecionador japonês pela ficha de inscrição do Anderson no torneio. Ele ofereceu R$ 100 mil. Falei não", revela Dilsinho.
O jornalista viaja a convite da Las Vegas Convention & Visitors Authority
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