O doping ainda está muito presente no esporte apesar dos avanços nos testes, e mais da metade dos velocistas que estarão nas semifinais da Olimpíada de Londres 2012 provavelmente terá utilizado substâncias proibidas em algum estágio da preparação, disse o homem por trás de um dos maiores escândalos de doping de todos os tempos.

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"Se eu penso que ainda existe muito doping no esporte? Sim", disse à Reuters o norte-americano Victor Conte, fundador do laboratório Balco, que foi responsável em 2003 por um enorme escândalo de uso de esteróides.

Perguntado quantos dos 16 semifinalista dos 100 metros dos Jogos de Londres podem ter feito uso de doping, em sua opinião, Conte disse: "Vou usar o termo 'maioria esmagadora'."

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"Não vou dizer que na competição haverá doping no corpo deles. Mas durante o ano anterior, em algum ponto durante a preparação para os Jogos, com os 16 semifinalistas, acredito que a maioria dos atleta terá usado algum tipo de substância ou método proibido."

O pequeno laboratório de Conte perto de San Francisco se tornou o marco zero de um grande caso de uso de esteróides que até hoje tem consequências e destruiu muitas carreiras -- incluindo a dele.

Ex-músico que montou um império de doping com seus conhecimentos sobre nutrição, Conte passou quatro meses na prisão após ser condenado pela distribuição de esteróides.

Entre os clientes de Conte estavam alguns dos grandes nomes do esporte, incluindo os velocistas Marion Jones e Tim Montgomery, que conquistaram medalhas olímpicas e recordes mundiais com a ajuda de produtos do Balco.

Ele disse que os exames antidoping melhoraram, mas que ainda há brechas que podem estar sendo usadas.

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"É um jogo de gato e rato, e talvez eu seja o maior rato que já existiu", disse Conte. Mas eu sei como os ratos pensam. É isso que eu fiz por muitos anos -- descobrir onde estão as falhas e como derrotar as políticas e procedimentos (antidoping)", disse.

"Tive sucesso fazendo isso por muitos anos. Acho que ironicamente isso me classifica para fazer uma contribuição."

Segundo Conte, os usuários de doping ainda levam vantagem em relação aos controles realizados nas competições, incluindo Jogos Olímpicos, apesar dos esforços da Agência Mundial Antidoping (Wada).

"Ainda é fácil enganar as políticas e procedimentos antidoping hoje, mesmo na Olimpíada", disse Conte, acrescentando que a Wada e a Agência Antidoping dos EUA desperdiçaram milhões de dólares testando atletas que sabiam que seriam alvo.

"O que está se fazendo agora não é efetivo. Eles precisam pegar esses dólares e viajar para muitos países que não têm agências independentes antidoping e testar esses atletas fora de competição", afirmou.

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"Testar atletas nas competições é mais um teste de QI do que um teste antidoping, porque o atleta precisa ser muito estúpido para ser flagrado numa competição. Você usa esteróides durante a pausa da temporada, porque é quando você constrói a base de sua força, e isso serve para vocês por meses e meses adiante durante as competições", disse.

"Tem que se aumentar os testes no quarto trimestre, que é quando os atletas usam as drogas. Mas, em vez de aumentar o número dos testes no quarto período, como eu aconselhei, eles reduzem pela metade. Ou eles estão promovendo o uso de doping ou eles são ignorantes."