Ex-dirigentes pedem mais união e diálogo

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Valmor Zimermann, de 64 anos, dispensa uma maior apresentação aos rubro-negros. Além de presidente em duas ocasiões (84-85 e 88-89), com a conquista de dois estaduais (85 e 88), ele foi sempre um faz-tudo na cúpula do clube – chegou a integrar a chamada "Retaguarda Atleticana", grupo dos anos 70 montado para contornar crises.

Marcus Coelho, de 50 anos, é outro nome marcante na Baixada. Entrou para a história ao assumir a direção do Atlético justamente na temporada mais importante: 2001, com a conquista do Campeonato Brasileiro. Mas fora o fato de ter contribuído com a confecção da estrela na camisa, também – pela formação em Direito – participou ativamente da reformulação estatutária do clube.

Antigos colaboradores da era Mário Celso Petraglia, que teve início em 1995, a dupla de ex-cartolas ainda tem mais coisas em comum que o passado de sucesso, o amor pelo Furacão e a saída à francesa da Baixada. Agora torcedores de arquibancada, os dois têm lamentações sobre o time que adoram – dentro e fora de campo.

"Essa equipe é muito ruim. Está se arrastando. Eu fiz uma séria cirurgia de estômago e, quando fico nervoso, tenho refluxo. Então, cada jogo do Atlético é um problema para mim", lamenta Zimermann, freqüentador assíduo da Arena.

Afastado desde 2002 do futebol, Valmor apresenta um diagnóstico alarmista para a situação diretiva. "Não foi formada uma outra safra de dirigentes. Ficou como no tempo da revolução [militar de 64], quando não se criavam políticos novos. O Mário [Petraglia] é um apaixonado, mas a falta de diálogo faz a pessoa viver uma verdade única. Isso é ruim."

Marcus Coelho, outro fiel freqüentador do Joaquim Américo, engrossa o discurso. Em relação ao grupo de jogadores, o advogado mostra preocupação. "Evidente que ninguém está satisfeito com a produção desse time. A torcida não está, o treinador não está, a própria equipe não está... A diretoria, penso eu, não deve estar também."

Sobre as questões administrativas, o ex-comandante apresenta uma saída rápida para a instituição entrar no eixo. "A diretoria tem que se reconciliar com os torcedores. A torcida merece carinho. Eu faço até um apelo para que exista essa aproximação."

O braço-direito de Petraglia na conquista do Nacional deixa outro tema no ar. "Desde que esse atual grupo assumiu o comando, jamais houve bate-chapa eleitoral. Ou isso é uma satisfação de todos; ou um certo afastamento de algumas lideranças. Não tenho a menor dúvida: a saída de personalidades foi prejudicial", analisa. "Gostaria que todos estivessem integrados com o pessoal que aí está", destaca Coelho.

Procurado pela reportagem da Gazeta do Povo, o presidente João Augusto Fleury ressaltou que os dois ex-colaboradores saíram do clube por iniciativa própria, mas continuam com portas abertas. Sobre a falta de oposição, o mandatário ponderou que uma "entidade privada não precisa disso."