Em um momento onde as ofensas racistas nos estádios preocupam a Fifa e ferem os atletas negros, um brasileiro se destaca na luta contra o preconceito no futebol: o atacante Adauto, ex-Atlético-PR. Ele é o principal nome de uma campanha contra o racismo na República Tcheca desde 2003 e acaba de renovar seu compromisso com o governo local, tornando-se também o primeiro jogador brazuca a ser personagem de selos postais no país.
Adauto atua pelo Slavia desde 2002. No ano seguinte, foi vítima de racismo no clássico contra o Sparta - os torcedores do time rival imitavam macacos sempre que o atacante pegava na bola. O árbitro interrompeu a partida e pediu que o público parasse com as ofensas. No estádio, estavam presentes membros do governo tcheco, que ficaram chocados com a cena e, alguns dias depois, convidaram Adauto para liderar uma campanha contra os racistas.
Nesta temporada, Adauto está sem contrato com o Slavia, mas mesmo assim o governo renovou contrato com o brasileiro para seguir com a campanha.
- Foi mais emocionante do que o primeiro convite. Disse para eles que talvez fosse deixar o país e mesmo assim eles insistiram. Disseram que eu simbolizada a mudança de comportamento dos tchecos em relação ao Racismo, e que não seria a mesma coisa sem mim - afirmou o atleta.
A campanha "Todos nós somos vítimas" é levada aos jogos na República Tcheca, tanto do campeonato nacional, como da Liga dos Campeões, Copa da Uefa e as partidas da seleção. Camisas e outros produtos com o rosto de Adauto são vendidos nos estádios, o que orgulha o brasileiro.
- Fico emocionado quando vejo os atletas da seleção com a camisa com o meu rosto. Todos eles me conhecem e apóiam a luta - afirmou o atacante, lembrando das partidas em que a seleção entrou em campo com o uniforme da campanha.
O ex-jogador do Furacão guarda mágoa do Slavia, que resolveu tirá-lo do time nesta temporada porque tinha um dos maiores salários do grupo. Com a nova mentalidade da diretoria, acabou não sendo inscrito em nenhum campeonato, inclusive a Copa da Uefa. Depois de ter passado por humilhação por causa do racismo em sua chegada ao país, a luta contra o preconceito tornou-se a motivação de Adauto em sua despedida da República Tcheca.
- Percebi que o meu prestígio continua.