Os jogos de volta da segunda fase da Copa do Brasil marcaram as eliminações de Coritiba e Paraná e as classificações de Atlético e Corinthians Paranaense. Porém, não foi esta imagem a que ficou das partidas. Os jogos do Trio de Ferro do meio desta semana ficaram marcados por uma estranha e triste coincidência: pênaltis perdidos. Netinho desperdiçou pênalti para o Atlético contra o Sampaio Correia quando o jogo estava 1 a 0 para o Furacão. João Paulo do Paraná acertou a trave direita do Sport aos 5 minutos do primeiro tempo na derrota para o Sport. Marcos Aurélio, do Coritiba, teve o erro mais dramático: aos 47 do segundo tempo, ele acertou também a trave direita do Avaí, no lance que poderia ter levado a decisão para os pênaltis.

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Para os ex-jogadores atleticanos Paulo Rink e Sicupira, tudo não passou de coincidência. "É coincidência todos perderem na mesma rodada. Perder pênalti é algo que acontece e o mais lamentável foi o do Coritiba, pois foi no final e não havia reação", disse Paulo Rink. "Dois chutaram na trave e outro para fora. foram mal batidos. Os caras escolheram canto. Teve gente que nunca teve paradinha que acabou fazendo", completou Sicupira, maior artilheiro da história do Atlético.

A paradinha, aliás, foi considerada como um elemento perigoso para os atacantes. "Para a paradinha tem que ter tranquilidade. Quando o goleiro se mexe, o gol fica aberto. Se não se mexer, tem que mudar o canto e geralmente acaba perdendo. Tem que se preparar para o goleiro que para e o goleiro que se mexe. Nunca bati com paradinha e era difícil eu perder", explicou Tostão, ex-meia do Coritiba.

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Saulo, maior artilheiro da história do Paraná Clube, dificilmente batia pênaltis, cobrando apenas quando brigava pela artilharia, concorda com o contemporâneo do Coritiba sobre os riscos da paradinha. "Se o goleiro não se mexer, há o risco de perder a passada, como o Marcos Aurélio perdeu. O chute sai sem precisão e sem força", afirmou o Tigre da Vila.

O meia Adoílson era o batedor oficial do Paraná Clube durante a vitoriosa passagem pelo clube entre 1990 e 1994. O ex-jogador, que hoje trabalha com categorias de base em Iguaraçu, cidade próxima a Maringá, credita os pênaltis perdidos à evolução dos goleiros. "Eu sempre batia. No meu tempo, chutava no canto que o goleiro não alcançava. Hoje a evolução dos goleiros é grande e eles têm melhor treinamento. Hoje eles estão mais espertos e muitos batedores acabam tendo que tirar tanto a bola deles que perdem os pênaltis", explicou.

Ex-jogadores recomendem tranquilidade e treinamento para os batedores

Há praticamente uma unanimidade sobre como deve ser a preparação e a batida de um pênalti: tranquilidade e treinamento. "Pênalti é você e o goleiro. Tem que fazer um ‘blackout’ da torcida. Quando chega na maturidade, consegue fazer isso melhor. Se fizer paradinha, tem que treinar", contou Paulo Rink.

"Treinar de tênis e relógio é uma coisa. Bater com 10 ou 15 mil pessoas é outra. Tem que ter tranquilidade e isso dá para ver quem tem. Tem gente que pega uma bola e mete no pé do companheiro, mas não consegue acertar o gol numa cobrança. Se bater seco, da metade para cima do gol, dificilmente o goleiro pega, pois ele tem que se projetar muito para alcançar", explicou Sicupira.

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"Todo mundo sente pressão hoje. Quem disser que não sente, está mentindo. Tem muita ansiedade e vontade de fazer o gol na jogada. Tem que estar no momento certo e se sentindo bem. Tem que estar com a cabeça tranquila e não pensar no resultado do jogo", disse Adoílson.

Tostão considera importante o batedor conhecer o comportamento dos goleiros. "Hoje, todos os jogos passam na TV e todos veem vídeos na concentração. O goleiro do Flamengo andou pegando pênaltis depois de estudar os batedores. Os batedores também podem estudar o comportamento dos goleiros", disse Tostão.

Saulo tem uma receita de colocação do chute para os batedores de pênalti. "Calcula um metro de distância do goleiro e bate com força. Ele dificilmente pega de perto, pois a velocidade da bola é maior que a dele. Tem que ter firmeza, precisão e estar tranquilo. Acho que goleiros tendem a ser bons batedores, pois sempre batem bem na bola, assim como os centroavantes," concluiu.