Enquanto existiu, a maior glória do Colorado foi ter enfiado um 4 a 0 em cima do Flamengo de Zico, Adílio e Júnior na Taça de Ouro, em 1981. Para grande parte dos boca-negras, por muito tempo a goleada foi comemorada como um título internacional já que, no final daquele ano, o time carioca conquistaria o Mundial Interclubes ao derrotar o Liverpool no Japão, por 3 a 0.
Já o Pinheiros, embora tenha em seu currículo dois campeonatos paranaenses, nem por associação sonhou com uma disputa fora do país. O mais próximo que chegou foi ainda muito distante para tal pretensão: um 21.º lugar no Brasileiro de 1985.
Quase 17 anos depois da extinção dos dois clubes, porém, o sonho está prestes a se realizar. Sob a insígnia do Paraná, a longa espera dos torcedores vermelhos e azuis está com os dias contados. Se o Brasileiro acabasse hoje, por exemplo, a equipe que nasceu da fusão de Colorado e Pinheiros estaria classificada pela primeira vez em sua história para disputar a Copa Libertadores da América.
"O sonho agora está mais para o concreto do que para o abstrato", afirma Aloir Tadeu Marthesine, 52 anos, que migrou para o Paraná vindo do Colorado. "É a prova de que a fusão foi a coisa certa a ser feita. Hoje, todo mundo faz questão de dizer que torce para o Paraná", completa.
Outro boca-negra que virou Tricolor sem arrependimento é Ubiratan Cesar Pereira, 44 anos. Acostumado às desventuras de poucas glórias da equipe que tinha como casa a Vila Capanema, Bira lembra que com o Colorado as coisas mais incríveis ocorriam. Mas, na maioria das vezes, nada de muito bom.
"Naquela época, chegávamos na Vila e a única expectativa era saber o que aconteceria de diferente com o Colorado, pois tudo acontecia com aquele time. Tomava gol de goleiro, começava jogo sem arqueiro, preparador físico salvava gol... Quem ia pensar em Libertadores desse jeito?", lembra Bira, que já se satisfaz apenas com o desempenho atual do Paraná. "Se não chegar (ao torneio continental), tudo bem. Mas só ter essa esperança já é uma coisa fantástica".
Quando Colorado e Pinheiros se fundiram para formar o Paraná, em 1989, a expectativa era de que, daquela união, estaria surgindo a maior clube do Paraná. O lema, na época da fundação, era "Paraná, o clube do ano 2000". E no começo esse parecia ser mesmo o resultado da operação matemática que somou a tradição e torcida do Colorado com o patrimônio do Pinheiros.
Contudo, após um pentacampeonato estadual, veio a estabilidade econômica no país, e muito em decorrência disso o declínio do Tricolor no futebol o clube tinha nas aplicações financeiras (como o overnight) uma de suas principais fontes de renda. A má fase também reacendeu a disputa dos dois blocos. E nesse ponto, a volta por cima dentro de campo nos dois últimos anos parece estar fechando de vez todas as feridas internas do clube.
"Acho que é o melhor momento de toda a história do Paraná. Essa retomada foi uma resposta para todo mundo, o Coritiba, o Atlético, que achavam que o Paraná ia se tornar uma portuguesa da vida", afirma Manuel Fernandes, o Maneco, radialista e conhecido torcedor que migrou do Pinheiros.
Fanático ao ponto de, até pouco tempo atrás, não sentar na cadeira de cor vermelha do Pinheirão ou da Vila pela rivalidade antiga, Maneco é o exemplo perfeito dessa união das torcidas. "Não tem mais isso de torcer só pelo lado do Pinheiros. Aderi de vez ao Paraná. Até ganhei uma camisa do Colorado e uso. Claro que não em Curitiba, mas quando vou para praia..."
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