A situação de Rebeca Gusmão pode se complicar ainda mais. A voluntária Adriana Salazar, escolhida para escoltar a atleta no momento do antidoping, contou com exclusividade ao "Esporte Espetacular" que foi impedida de realizar todo o procedimento exigido pela Federação Internacional de Natação (Fina). Ela disse que não conseguiu acompanhar a retirada do material, pois não a deixaram entrar na sala de exame.
Rebeca, que ganhou quatro medalhas nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro em 2007, foi flagrada com alto índice de testosterona no dia 13 de julho. Mas essa não foi a primeira vez que a nadadora deu positivo. Em maio de 2006, ela foi flagrada em um exame antidoping, também por excesso de testosterona, e se defende em processo no Tribunal Arbitral do Esporte (TAS). Segundo Matthieu Reeb, secretário-geral do órgão, o caso seria julgado ainda neste mês de novembro.
Durante a semana, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) divulgou uma nota oficial. Esta dizia que o resultado do exame de DNA feito no material recolhido da nadadora durante o Pan pertencia a diferentes pessoas. Na nota, a entidade também anunciou o afastamento da médica Renata Castro, uma das responsáveis pelo exame antidoping no Parque Maria Lenk, onde Rebeca realizou o seu teste.
Caso de polícia
O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) informou, também em nota oficial, que acionará as 'autoridades policiais competentes' no caso de doping da nadadora Rebeca Gusmão. Nuzman se mostrou indignado com os fatos e prometeu severidade na apuração do caso, lembrando que o COB não tolerará, de forma alguma, o doping no esporte brasileiro.
- Como ex-atleta, dirigente e desportista, reitero minha firme posição e tolerância zero na luta contra o doping. Quero demonstrar minha indignação com os fatos relatados e afirmar que defendo rigorosa apuração dos fatos, incluindo o direito de defesa, e severa punição para os envolvidos, inclusive a perda de medalhas conquistadas no evento.
Os amigos de Rebeca não acreditam em fraude. Mariana Brochado, bastante chateada, preferiu não comentar o caso. Joanna Maranhão, no entanto, garantiu que é impossível alguém burlar o doping sozinho. Ela diz que se a amiga errou, não errou sozinha.
- Eu conheço bem a índole da Rebeca, somos amigas. Ela é uma pessoa do bem e acredito que não seria capaz de fazer isso sozinha. Caso a fraude se confirme, espero que os verdadeiros culpados paguem por isso - disse a atleta.
Punição
O resultado positivo no exame antidoping realizado no dia 13 de julho pode levar a nadadora Rebeca Gusmão, maior esperança do Brasil para os Jogos de Pequim, a ser banida do esporte. Como já existe um processo contra a atleta no Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), por conta de um outro teste, realizado em maio de 2006, a atleta corre risco de ser declarada reincidente caso seja considerada culpada pelas duas acusações.
A Comissão Executiva da Federação Internacional de Natação (Fina) suspendeu preventivamente a atleta de qualquer competição até a reunião do órgão, em data ainda a ser decidida. A suspensão começou a valer no dia 2 de novembro, última sexta-feira. A nadadora, que já pediu a análise da contraprova, foi ouvida na segunda-feira na Reunião do Painel de Doping da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e disse que jamais fez uso de qualquer substância proibida.
Deixe sua opinião