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Cianorte é conhecida por ser um dos maiores centros de produção têxtil do Brasil. Mas nos últimos anos, a cidade no Noroeste do Paraná também chama a atenção pelo handebol.

A ‘Capital do Vestuário’ tem, há quatro anos, uma equipe feminina da modalidade com estrutura e investimentos profissionais e se configura como um oásis do handebol brasileiro.

Apesar da conquista do ouro no Pan de Guadalajara, a vaga olímpica e o 5.º lugar no Mun­­dial, a melhor classificação brasileira, a modalidade no país ainda é amadora, com poucos times competitivos e a maioria da seleção feminina jogando fora do país.

Em 2012, o time de Cianorte, fundado em 2007 pelo ex-auxiliar técnico da seleção, Nilton Trindade Júnior, estreia, na Liga Feminina (equivalente ao Campeonato Brasileiro profissional). Antes, conquistou o que toda equipe esportiva deseja: o patrocínio de uma grande empresa.

Há dois anos, a Spaipa/Coca-Cola passou a apoiar a equipe, que até então tinha os custos pagos pela prefeitura de Cia­­norte e da universidade local, a Unipar.

Assim, o grupo formado por 26 atletas – a maior parte ainda na categoria Junior – foi rebatizado como Coca-Cola Handebol Cianorte.

O time fechou a parceria meses antes de Coritiba e Atlé­­tico, no futebol, assinarem contratos com a empresa, no início de 2010. "A marca ajuda a chamar mídia para a equipe. Eles [a fábrica de bebidas Spaipa] acreditaram nos nossos resultados e se interessaram em vincular sua imagem ao esporte e à ju­­ventude do time", diz Trindade Júnior.

Os valores do contrato não são revelados, mas cobrem boa parte dos custos anuais do time, que é de R$ 315 mil. Orçamento ainda modesto, se comparado com o de equipes paulistas, na ordem de R$ 1 milhão. No valor, estão inclusos as bolsas de estudos das atletas em colégios locais ou na universidade.

"Estou cursando Análise de Sistemas. Antes de terminar o curso, não cogito aceitar as propostas de outros clubes. E também tem a questão de que jogamos juntas há quatro anos. Somos como uma família", diz a ala-direita Daíse, 19 anos, artilheira nos Jogos Brasileiros Universitários (JUB’s), com 46 gols em cinco jogos.

A prioridade é manter o time com jogadoras do Paraná, como é feito desde o início do projeto, há quatro anos. Foi o que aconteceu com a ponteira-direita Larissa, que trocou Curitiba por Cianorte para treinar, visando uma vaga na seleção brasileira. A atleta foi descoberta por Trindade durante um campeonato de handebol na areia, em Guaratuba. No ano passado, a jogadora foi campeã da seleção brasileira sub-18, foi bronze nos Jogos Olímpicos da Juventude, em Cingapura.

Em 2011, o Coca-Cola Han­­debol disputou dez competições, ganhou oito – entre elas, o bicampeonato nos Jogos Abertos do Paraná (JAP’s) –, e dois terceiros lugares.

"Com os resultados, fomos convidados a disputar a Liga no ano que vem. O grande feito é, com um time basicamente formado por jovens atletas, vencermos competições adultas. O que nos dá a possibilidade de trazer reforços. Nossa prioridade é trazer talentos paranaenses para voltar a competir pelo estado. Temos negociação adiantada com quatro delas", conta Trindade.

A entrada na principal disputa do handebol nacional tam­­bém faz as jogadoras so­­nharem com a seleção principal, que deve ser renovada no segundo semestre de 2012, após a Olimpíada de Londres, pelo técnico dinamarquês Morten Soubak.

"Eu penso bastante em ir para a Olimpíada do Rio [2016]. Tenho experiência em seleções de base e, daqui a quatro anos, estarei no meu auge", diz a canhota Daíse. Como principal qualidade, ela poderá levar a velocidade do jogo e o forte preparo físico, características do time de Cianorte em comum com as principais seleções do mundo.

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