Proposta
Petraglia diz já ter a solução
Mário Celso Petraglia articula sua volta ao cenário curitibano da Copa do Mundo com uma promessa. "Tenho a solução para o estádio sem usar dinheiro público nem onerar os cofres do clube". O ex-presidente atleticano, pai da ideia do Mundial na cidade, tentará, nos próximos dias, tomar a frente das negociações, através de uma associação de conselheiros e sócios do Atlético.
Seria essa a única maneira de o empresário tentar provar que consegue viabilizar o estádio, uma vez que ele precisa ter o amparo do clube para mexer na obra. Segunda-feira, o comitê da Copa na cidade conseguiu 30 dias a mais de prazo para justificar a viabilidade da obra. Hoje, no fim da tarde, na Praça Carlos Gomes, o grupo de conselheiros e sócios se reúne para elaborar uma minuta.
Via Twitter, o ex-presidente rubro-negro documentou as intenções. "Eu tenho a solução. Eles que deixem para quem sabe fazer", disse Petraglia, cutucando a atual diretoria do Furacão. A manobra será interna: com maioria de votos no conselho deliberativo, Petraglia pretende que o Atlético crie uma comissão especial para o Mundial.
"Não quero saber de time, nada de Atlético Paranaense. Quero mostrar que podemos ficar 100 anos para trás se perdermos a Copa", afirmou. Entre as soluções, estaria o pedido para que a prefeitura mantenha a proposta de potencial construtivo. "Eu estou presente em todas as outras 11 praças. Sei os caminhos que o Internacional vai seguir, por exemplo. E mesmo os ditos estatais: todos estão atrelados ao privado, com as Odebrechts da vida", disse Petraglia à reportagem.
O ex-dirigente ainda deixou no ar a ideia de que as convenções partidárias que definirão os candidatos nas eleições estaduais devem clarear o caminho a ser seguido, ainda nesse mês. Uma reunião extraordinária do conselho atleticano, a pedido do grupo favorável a Petraglia, pode acontecer já na próxima segunda-feira.
Deputados estaduais defendem investimento da Copel nas obras
Euclides Lucas Garcia
A ameaça de Curitiba não receber a Copa-2014 preocupa os deputados estaduais. Na sessão de ontem, vários parlamentares destacaram que o Paraná não pode abrir mão dos benefícios que o estado terá por sediar o Mundial. Luiz Claudio Romanelli (PMDB) defendeu o projeto de lei de sua autoria que estabelece que a Copel disponibilize R$ 40 milhões para obras na Arena por um contrato de concessão de direito de nome o estádio se chamaria Copel Arena.
"Trata-se de um investimento em publicidade. Portanto, não é uso de dinheiro público em algo privado", defende. Apoiado pelos colegas, Romanelli fez um apelo ao presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia, deputado Durval Amaral (DEM), para que nomeie o relator do projeto para que a proposta tramite.
A exclusão do Morumbi na Copa 2014, anunciada ontem pelo Comitê Local, ligou de vez o sinal de alerta em Curitiba. Assim como a praça de esportes do São Paulo, a Arena não conseguiu dar as garantias financeiras exigidas para se manter no projeto do Mundial. Porém, o estádio do Atlético ganhou 30 dias extras para se adequar.
O clube paulista já havia modificado o projeto seis vezes para reduzir investimentos, mas não conseguiu apresentar a viabilidade econômica, na ordem de R$ 600 milhões. O ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior, responsabilizou o comitê paulistano pela exclusão. "Agora a palavra é do comitê, que tem de arrumar uma alternativa para não ficar fora de um evento que vai mobilizar o país."
Apesar da ameaça, o gestor da Copa em Curitiba, Luiz de Carvalho, ressalta a diferença entre o projeto da Arena e do Morumbi. "A proposta deles era para abertura da Copa. Não podemos comparar com o nosso", diz Carvalho.
Para tentar contornar o problema, o governador Orlando Pessuti declarou que passará a agilizar o processo. "Acredito que no máximo em 15 dias, e não nos 30, tudo estará resolvido. O estado e a prefeitura estão cumprindo tudo. O Atlético prometeu entregar o estádio completo, embora seja verdade que nos comprometemos a ajudar a achar investidores", admitiu o governador.
Desde a candidatura da cidade, muito se discute quanto ao projeto da Baixada. Em maio de 2009, a Arena foi anunciada a praça esportiva da cidade para a Copa, em detrimento à ideia encampada pelo ex-presidente da Federação Paranaense de Futebol (FPF), Onaireves Moura, para o Pinheirão. De lá para cá, a mudança na política interna do Atlético e a ausência de um acordo entre estado, prefeitura e clube deixaram o cenário cada vez mais nebuloso.
Enquanto isso, projetos paralelos foram aparecendo. Primeiro, um estádio novo para o Coritiba, deixado de lado pela antiga diretoria. Depois, uma maquete divulgada pelo Paraná, para uma reforma na Vila Capanema, que acabou não saindo do papel. E, no final de 2009, o ex-presidente do Atlético Mário Celso Petraglia sugeriu a construção de um estádio conjunto entre Furacão e Coxa, a Arena Atletiba, rejeitada pelas duas diretorias.
Mais recentemente, a atual diretoria do Coxa divulgou a intenção de construir um novo estádio com a empreiteira Andrade Gutierrez, mas que não seria para a Copa. A Andrade Gutierrez prefere não se manifestar sobre o tema.
Ao longo desse período, falou-se em duas soluções para a Arena: aplicar a lei de potencial construtivo, sugerida pela prefeitura e rejeitada pelo clube, e a possibilidade de a Copel comprar o naming rights do estádio, patrocinando em R$ 40 milhões a obra (ver texto ao lado).
Fora isso, nada saiu do campo da sugestão. Tampouco, chegou às mãos do estado. "Só conheço o projeto da Arena. Se alguém tiver outro, que apresente", diz Pessuti.
O ministro do Esporte diz que Curitiba ainda está nos planos para o Mundial. Mas manda um recado."O problema é viabilidade econômica. Quem paga para ver pode ver demais. Curitiba precisa prestar atenção, tomar cuidado e encaminhar uma solução."
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