São 22 anos de carreira e um número expressivo de 20 clubes brasileiros no currículo. Estatísticas que fazem do meia Jean Carlo um nômade do mundo da bola.
Jogador mais experiente a disputar a atual edição do Campeonato Paranaense, hoje ele completa 40 anos em uma situação raríssima: depois de perambular por 12 estados sem fixar raízes, ele pode finalmente dizer que está em casa. Foi no Cascavel, time de sua cidade natal, que ele iniciou sua trajetória de jogador profissional. De volta à Serpente, para deixá-lo ainda mais à vontade, tem como companheiro o irmão caçula, Sidiclei.
O retorno do filho pródigo, porém, não deve durar muito. Como Jean Carlo não intenciona parar de jogar, já estuda propostas de clubes para o segundo semestre. A meta é prolongar a atividade profissional por pelo menos mais dois anos. Aí, sim, aceita a aposentadoria. Só não admite deixar o futebol pretende trocar a chuteira pela prancheta de treinador.
"Não vim para o Cascavel para encerrar a carreira. Ainda tenho mais um tempo como jogador", afirma o veterano. O segredo para tanto fôlego, garante, é a palavra da moda: pré-temporada. "Sempre tem de procurar fazer uma boa pré-temporada, ela é decisiva para o resto do ano", atesta o cigano da bola. Se cuidar fora de campo, lembra, também é parte das obrigações de quem anseia por esticar a carreira.
Assim como a camisa, antes amarela e preta e hoje azul e branca, o estilo de Jean Carlo também mudou muito desde que deu seus primeiros chutes pelo clube, em 1989, aos 18 anos.
"Antes eu corria muito e sem necessidade. Hoje eu consigo ser mais produtivo para o time e jogar melhor", compara. Ser o mais velho do plantel não o impede de participar das brincadeiras, que fazem o veterano relaxar entre a rotina de viagens e concentrações.
"O convívio com o elenco é sempre engraçado e é uma das coisas que mais vou sentir falta quando parar", conta.
O toque de experiência, talvez sua principal contribuição à Serpente, é fruto das lições de uma carreira de altos e baixos. Muito se aprende com títulos, como o do Brasileiro de 1993, pelo Palmeiras. Outro tanto é ensinado pelas dificuldades.
"Quem vai jogar no Nordeste deve se preparar. Quando estava lá era normal o time viajar para o interior e se hospedar em hotéis que ficavam em postos de gasolina, por exemplo", relembra ele, que por duas vezes tentou, em vão, se transferir para o mercado japonês. Nunca atuou fora do país.
Aonde quer que vá, Jean Carlo não está sozinho. A esposa e os dois filhos o acompanham o tempo todo. Em Cascavel, veem juntos as cobranças da torcida.
"A equipe joga bem, mas nem sempre os resultados aparecem e é normal a torcida cobrar dos mais experientes", fala, lamentando que a má fase ofusque seu aniversário de 40 anos. Bola para a frente, como diz o ditado. "No futebol não dá para planejar a carreira, mas enquanto tiver fôlego, vou jogar", resume.
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