Jean Carlo, que completa 40 anos hoje, avisa: “Não vim para o Cascavel para encerrar a carreira. Ainda tenho mais um tempo como jogador”| Foto: Pedro Serápio/ Gazeta do Povo

São 22 anos de carreira e um nú­­mero expressivo de 20 clubes brasileiros no currículo. Esta­­tísticas que fazem do meia Jean Carlo um nômade do mundo da bola.

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Jo­­gador mais experiente a disputar a atual edição do Cam­­peo­­nato Pa­­ranaense, hoje ele completa 40 anos em uma situação raríssima: depois de perambular por 12 estados sem fixar raízes, ele pode finalmente dizer que está em casa. Foi no Cascavel, ti­­me de sua cidade natal, que ele iniciou sua trajetória de jogador profissional. De volta à Serpente, para deixá-lo ainda mais à vontade, tem como companheiro o ir­­mão caçula, Sidiclei.

O retorno do filho pródigo, po­­rém, não deve durar muito. Como Jean Carlo não intenciona parar de jogar, já estuda propostas de clubes para o segundo se­­mestre. A meta é prolongar a atividade profissional por pelo menos mais dois anos. Aí, sim, aceita a aposentadoria. Só não admite deixar o futebol – pretende trocar a chuteira pela prancheta de treinador.

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"Não vim para o Cascavel para encerrar a carreira. Ainda tenho mais um tempo como jogador", afirma o veterano. O segredo para tanto fôlego, garante, é a palavra da moda: pré-temporada. "Sem­­pre tem de procurar fazer uma boa pré-temporada, ela é decisiva para o resto do ano", atesta o cigano da bola. Se cuidar fora de campo, lembra, também é parte das obrigações de quem anseia por esticar a carreira.

Assim como a camisa, antes amarela e preta e hoje azul e bran­­­­ca, o estilo de Jean Carlo também mudou muito desde que deu seus primeiros chutes pelo clube, em 1989, aos 18 anos.

"Antes eu corria muito e sem necessidade. Hoje eu consigo ser mais produtivo para o time e jo­­gar melhor", compara. Ser o mais velho do plantel não o impede de participar das brincadeiras, que fazem o veterano relaxar entre a rotina de viagens e concentrações.

"O convívio com o elenco é sempre en­­graçado e é uma das coisas que mais vou sentir falta quando parar", conta.

O toque de experiência, talvez sua principal contribuição à Ser­­pente, é fruto das lições de uma carreira de altos e baixos. Muito se aprende com títulos, como o do Brasileiro de 1993, pelo Palmei­ras. Outro tanto é en­­sinado pelas dificuldades.

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"Quem vai jogar no Nordeste deve se preparar. Quando estava lá era normal o time viajar para o interior e se hospedar em hotéis que ficavam em postos de gasolina, por exemplo", relembra ele, que por duas vezes tentou, em vão, se transferir para o mercado japonês. Nunca atuou fora do país.

Aonde quer que vá, Jean Carlo não está sozinho. A esposa e os dois filhos o acompanham o tempo todo. Em Cascavel, veem juntos as cobranças da torcida.

"A equipe joga bem, mas nem sempre os resultados aparecem e é normal a torcida cobrar dos mais experientes", fala, lamentando que a má fase ofusque seu aniversário de 40 anos. Bola para a frente, como diz o ditado. "No fu­­tebol não dá para planejar a carreira, mas enquanto tiver fôlego, vou jogar", resume.