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Ficha da prisão de Sônia Hadad Hernandes, divulgada pela polícia de Palm Beach, nos EUA | Divulgação/Polícia de Plam Beach
Ficha da prisão de Sônia Hadad Hernandes, divulgada pela polícia de Palm Beach, nos EUA| Foto: Divulgação/Polícia de Plam Beach

São poucos os meninos que realizam o sonho de jogar futebol profissional. Com tudo o que tem direito, bons salários, clubes de primeira divisão e, quem sabe, até passagem pela seleção brasileira ou transferência para a Europa. Na grande maioria, os garotos que alimentam a esperança de viver da bola, acabam entrando no pesadelo de atuar em times mambembes ou, pior ainda, deixam os gramados precocemente e sem profissão.

Para piorar, as somas cada vez mais altas envolvidas no futebol atraem até os que não tem aptidão nenhuma para o esporte, em nome da oportunidade de arrumar a vida financeiramente. Impulsionados pela família e, agora, pós-Lei Pelé, pela nova, numerosa e influente categoria dos empresários e agentes.

De olho nesse fenômeno, o Ministério Público vem fiscalizando de perto os clubes de futebol, atento às condições oferecidas às ainda crianças que postulam uma chance. "Os clubes estão sendo investigados, mas não de forma policialesca. Nossa intenção é que se adequem às normas espontaneamente", aponta a Dra. Cristiane Lopes, da Procuradoria Regional do Trabalho da 9.ª Região.

Pertencente ao núcleo de combate ao trabalho infantil, a procuradora alerta para o perigo da exploração de crianças. "A questão dos jovens jogadores é parecida com a dos modelos, artistas mirins. Envolve promessa de muito dinheiro cedo demais, e eles não estão preparados. Além da exposição excessiva. E tem o outro lado, dos que não conseguem evoluir na carreira e são abandonados", diz.

O caminho, para o Ministério Público, é criar a relação de aprendizagem entre o atleta das categorias menores (mirim e infantil) e o clube, que se organizariam para fornecer uma espécie de currículo básico, atendendo, naturalmente, às peculiaridades do esporte. Até um contrato de trabalho poderia ser firmado com os meninos entre 14 e 16 anos – a partir dos 16 eles já podem ser profissionalizados.

Atlético, Coritiba e Paraná garantem cumprir todas as exigências de acomodação e acompanhamento dos jovens jogadores, passando longe do cenário da exploração infantil que vem atacando diversas regiões do país. Em 2005, representantes dos três times compareceram à convocação da Procuradoria do Trabalho de Curitiba, que instaurou procedimento administrativo para acompanhar o tema.

"Temos nutricionista, médico, refeitório próprio para os meninos, incentivamos o estudo, temos interesse no crescimento deles como pessoas e como atletas também", comenta João Ivair Pereira, responsável pelas categorias de base no Paraná. O Tricolor conta com cerca de 80 meninos abaixo dos 16 anos, 35 morando no clube.

No Coritiba, são aproximadamente 90 garotos, e apenas cinco alojados no Couto Pereira. "Contamos com toda a assistência para as categorias de base, mas precisamos melhorar ainda mais", revela Paulo Heyn, diretor do setor. Um dos auxílios prestados pelo Coxa é feito pela psicóloga Flávia Focaccia, que destaca a importância do tratamento especial para a gurizada. "É preciso reforçar sempre os objetivos de vida deles. E mostrar que a vida fora do futebol não pode ser esquecida."

Marcos Biasotto, responsável pelas categorias de base do Atlético, foi procurado mas não atendeu as ligações da reportagem.

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