• Carregando...

Se o Campeonato Brasileiro fosse oficialmente um mercadão de jogadores – o que acontece na prática –, a seguinte plaquinha estaria pregada na porta da frente: estamos em falta de camisas 9. Há tempos a principal competição nacional não vive uma escassez tão grande de bons centroavantes. Faltam nomes de peso dentro da área, faltam gols, falta alegria nas arquibancadas.

A edição de 2006 tem a pior média de gols desde 1995, com 2,70 gols por partida. Até o momento, foram 589 bolas na rede em 218 jogos. Em 1995, foram 286 jogos e 712 gols, com uma média mais baixa, de 2,52. Um resultado ainda mais frustrante se lembrarmos que a edição de 2005 foi a melhor de todos os tempos neste quesito, com 1.448 gols em 462 confrontos, média de 3,13.

Ainda na análise dos números, outro ponto deixa clara a ausência de "matadores" no Brasileirão. O artilheiro do campeonato, Schwenke, do Figueirense, tem apenas 10 gols em 22 rodadas. Mas tem mais. O antigo goleador, Dodô, que anotou nove gols pelo Botafogo e acabou negociado com o Al-Ain dos Emirados Árabes, ficou na primeira posição durante 10 rodadas – ou 49 dias – até outro jogador ultrapassá-lo.

Para os especialistas, da crônica esportiva e da grande área, o principal motivador da falta de gols são as negociações dos melhores valores do futebol brasileiro para equipes do exterior. Com a expansão do mercado comprador, que hoje chega até países de pouca expressão no esporte, como Turquia e Rússia, por mais questionável que seja a qualidade do atleta sempre há um time interessado.

"Está todo mundo no exterior. O cara se destaca um pouco e mesmo muito jovem já é negociado", aponta Barcímio Sicupira, ex-jogador e comentarista da rádio B. O maior artilheiro da história do Atlético ressalta também os esquemas táticos extremamente defensivos adotados pelos técnicos brasileiros, como fator que prejudica o ataque.

A opinião de Sicupira é corroborada por outro ex-jogador que marcava gols com extremamente facilidade. Para Roberto Dinamite, lendário camisa 9 do Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, maior artilheiro do Campeonato Brasileiro até hoje com 190 gols, o principal problema está longe da grande área. "Os jogadores atuam muito pouco no Brasil. Por conta das melhores condições financeiras fora do país, mas também por falta de planejamento dos clubes", disse.

O jornalista Carneiro Neto, colunista da Gazeta do Povo, também vai pelo caminho apontado pelos ex-craques. E lembra a venda de Rafael Sóbis, atacante destaque do Internacional para o Real Bétis, clube espanhol. "Esse é o principal fator para a baixa dos ataques no Brasileiro, as vendas para o mercado externo", aponta.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]