Contra estereótipo, surfistas exaltam o profissionalismo
O exame antidoping no circuito mundial já nasceu com uma polêmica: a possibilidade de liberação das drogas sociais, como por exemplo da maconha.
Embora o uso da substância seja defendido por alguns atletas por não melhorar o desempenho atlético do surfista, a decisão sobre como será tratado o assunto ainda está envolto em dúvidas.
Os próprios dirigentes da Associação de Surfistas Profissionais (ASP) divergem em suas declarações. Contudo, para os praticantes do país, o ponto não deveria mais ser uma preocupação apesar do estereótipo de "liberal" da modalidade.
"Hoje os surfistas viajam com personal trainer, tem uma imagem para zelar com seu patrocinador. Não dá para você brincar de ser profissional. Tem de ser mesmo", afirma Peterson Rosa, que não acredita que os surfistas da elite usem drogas consideradas recreativas. "A maconha não traz benefício nenhum no surfe, mas não acredito que usem, pois o esporte está muito mais profissional", completa ele, o maior campeão brasileiro.
A opinião é semelhante à do curitibano Peterson Crisanto, de 20 anos, também conhecido como Petersinho."O surfista profissional de hoje deixou de ser doidão ou chapado, como as pessoas enxergavam, há muito tempo. Se você passar um tempo com os atletas que disputam o world tour [circuito mundial] você ficará espantado com a organização e comprometimento deles", diz.
Baseado nesse histórico é que a divergência sobre o uso da maconha continua, inclusive dentro da ASP. Recentemente o gerente da entidade, Renato Hickel, declarou à revista IstoÉ que o surfista pego no exame com a toxina só deverá ser punido na terceira vez. Renato Perdigão, diretor regional da entidade não concorda. Afinal, se um dos objetivos do antidoping é ajudar o surfe a ser esporte olímpico, a liberação da maconha põe por terra o sonho.
"Não vou ser hipócrita de dizer que não tem [estigma do surfe com as drogas] e se você abre esse precedente bota o dedo na ferida. O sujeito vai falar: conta essa história direito. É que nem se a sua filha chegar em casa com uma barriga enorme e diz que comeu demais no almoço. Pô, peraí, tem alguma coisa por trás disso", exemplifica Perdigão, com uma dose de bom humor.
Enquanto o circuito mundial de surfe começou a realizar o exame antidoping nesta temporada, desde o ano passado os testes deixaram de ser feitos nas competições ocorridas no Brasil.
Um dos precursores do controle ao uso de substâncias proibidas nas praias brasileiras os testes entraram na lei em 2004 , o país pegou a contramão da história por falta de estrutura. E dinheiro.
De acordo com a Associação Brasileira de Surfe Profissional (Abrasp ), a decisão foi tomada pela inexistência de um tribunal de justiça específico. Dessa forma, se o atleta fosse punido, não tinha como garantir a ampla defesa preceito básico do direito.
"A gente pediu que a Confederação Brasileira de Surfe [CBS] fizesse um tribunal, pois ela é a única que pode instalar isso. Como ainda não avançou, foi uma maneira de pressão [não realizar o exame em 2011]", diz Marcelo Andrade, executivo da Abrasp.
A única punição por doping aplicada pela associação foi dada a Jihad Kohdr, que em 2007 perdeu o título brasileiro por se negar a participar da coleta para averiguação clínica. A discussão acabou na esfera cível, as partes chegaram a um acordo, mas o troféu não voltou ao atleta de Matinhos.
"O Jihad buscou seus direitos alegando que a questão toda tinha de ser julgada pelo tribunal [desportivo]. Então não adianta fazer o exame no cara, pois não tem quem decidir pela punição ao atleta, ele não tem instância para recorrer... Como funciona isso? Daí o cara entra na justiça e a gente tem um desgaste grande", fala Andrade.
Jihad foi punido tendo como base o livro de regras da entidade. O caso acabou levado ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva, que rejeitou a pauta por ser "apenas de futebol". "Essa é a minha maior bronca, não havia um tribunal para decidir isso e mesmo assim ele perdeu o título", afirma Rodrigo Tusca, na época o empresário da promessa das ondas.
A versão da CBS é de que o problema não seria a falta de um colegiado mas sim de dinheiro, já que os testes custam caro, e quando o patrocinador não banca, a prática se torna inviável.
"Nós continuamos fazendo o exame nas competições de base", assegura o presidente da entidade, Adalvo Argolo. Ele aponta esse fator como um dos motivos para que não se tenha tido nenhum caso de doping confirmado entre os profissionais nos anos em que os testes foram realizados. "No Filipe Toledo, campeão mundial mirim, por exemplo, a agência internacional antidoping [Wada] fez um exame surpresa na casa dele."
Uma das razões para a implantação dos testes no surfe mundial seria possibilitar que a modalidade se torne olímpica. No caso do Brasil, isso garantiria uma verba extra do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Mas, mesmo sem a verba, a Abrasp garante que este ano retomará a vigilância nos atletas. "Estão tentando ver isso, pois não é muito barato. O surfe não é olímpico, não tem dinheiro, vive fazendo torneios com apoio de prefeituras ou marcas do próprio surfe. Mas vamos voltar a fazer o exame neste ano", promete Andrade.
Alta de preços deteriora popularidade de Lula no Nordeste e impõe desafio para o PT na região
Sob o comando de Alcolumbre, Senado repetirá velhas práticas e testará a relação com o governo
A diplomacia lulopetista se esforça para arruinar as relações Brasil-EUA
TRE-SP cassa mandato da deputada Carla Zambelli
Deixe sua opinião